DREHER Martin N. A Igreja no Império Romano: Coleção História da Igreja Volume 1. 5ª. Ed., São Leopoldo-RS: Sinodal, 2004, 96p.
Segundo Martin N. Dreher a Coleção História da Igreja
Volume 1 em A igreja no Império Romano, identificamos como se deu o
desenvolvimento da história entre Deus e o homem através dos tempos. Dreher
declara que temos certa facilidade em sofrer a história e dificuldade em escreve-la. Vejamos
o temos sobre o surgimento da comunidade cristã na época do Império Romano.
Podemos observar que algumas diferenças entre judaísmo e
cristianismo, onde temos um destaque principal na crença dos judeus na vinda de
um messias e na cresça dos cristãos que vivem a história com um Jesus que já
veio. Judeus e cristãos mantém-se
ligados na esperança da vinda do messias. Os judeus esperam a primeira vinda e
os cristãos a segunda vinda.
Os cristãos ensinam e sabem que sem a memória não há
esperança e sem esperança a memória se vai.
Graças as memórias hoje celebramos nossos cultos, Pentecostes, Natal,
Páscoa, Descida do Espírito Santo e muitas outras datas, situadas em nosso
calendário cristão. A memória é algo precioso e por muita vezes ficamos só na
história oficial, histórias com registros escritos, fotografados, pintados e
perdemos parte do brilho escondido na memória. Dreher cita exemplos de
congregações luteranas onde na verificação dos livros impressos, identificamos
apenas pastores e presidentes de comunidades e em contra partida se observamos
a memória de um idoso, entraremos em um mundo onde há mulheres, crianças,
pessoas simples, gente esmagada debaixo de árvores, picadas de cobras e muita
outras características do tempo.
É esta a história que Dreher nos convida a estudar. Não
apenas episódios mas, causas e motivos. Saber das raízes, raízes estas que nos
ajudaram a formar nossa memória espiritual e intelectual.
O império romano na época do nascimento de Cristo
apresenta uma unidade visível na figura do Imperador. O império se apresentava
dividido em províncias, onde tínhamos as províncias imperiais, senatoriais e
especiais cada uma delas dirigidas por pessoas com títulos apropriados. Assim
como observamos as decisões tomadas em concílios em nossa atualidade, as
províncias tinham suas decisões em assembléias denominadas concilium. A menor
unidade administrativa era a cidade. O império romano conseguiu estabelecer uma
uniformização da cultura em seu sistema administrativo e assim uma grande
comunicação entre as partes do império. Paz e tranqüilidade foram propiciadas
ao império pelo imperador Augusto. A forte miscigenação étnica propiciada pelas
facilidades de locomoção propiciaram grande mistura das tradições. O helenismo
(idéias e culturas da Grécia antiga) influenciava o mundo romano. O heleninsmo
atingiu muitas regiões, mas, jamais conseguiu atingir totalmente a Judéia,
Samaria e o Egito.
A situação religiosa no Império Romano durante o
nascimento de Jesus, se apresenta de formas diferenciadas. O império era
tolerante em relação aos cultos e, somente algumas regiões tiveram seus cultos
proibidos. Celebrações que tinham sacrifícios humanos e permitiam orgias eram
proibidas pelo império. Dreher não trata pormenorizadamente todos as religiões,
mas, destaca algumas, como podemos identificar as invasões de cultos egípcios e
orientais da Grécia levou as crenças nas estrelas e os ministérios da
astrologia e assim se desenvolveu os sistemas de magias. Entre os muitos cultos
que eram estabelecidos, uns atraindo mais homens e outros, mais as mulheres,
destacamos o culto a Mithras que veio a ser o grande concorrente da fé cristã.
Na época do nascimento de Cristo a história mostra a propagação do culto ao
imperador. Apesar de toda a pluralidade de cultos o sincretismo (sistema que
combinava os princípios de diversos sistemas) preparou o caminho para uma
crença monoteísta. Nos primórdios do cristianismo nos deparamos com um tempo
onde religião deixava se ser uma convicção para se tornar uma obrigação, onde
não havia mais lugar para a fé, os deuses estavam intimamente ligados a
política e nem a construção de novos templos por Augusto conseguiu reavivar os
cultos. O caminho estava preparado para uma forma de religião que viesse a
substituir as antigas.
Ao estudarmos a
Palestina e o judaísmo palestino identificamos a Síria como sendo uma das
províncias mais exploradas. Lá encontramos a Judéia e os judeus do antigo povo
de Israel. Judéia e Jerusalém tinham sido conquistadas e boa parte da população foi deportada para a
babilônia, onde identificamos esta dispersão judaica de diáspora. A Judéia,
sendo dirigida por uma má política tornou-se dependente dos romanos. Herodes,
um político competente e inescrupuloso subiu ao poder e caiu na graça dos romanos.
Jerusalém já não era mais a Sião de Javé, estava dividida em partidos. Surgiu
ali os grupos dos sadoquidas, os saduceus, os zelotes , os fariseus que tinham
grande influência na população, os essênios extremamente piedosos e que se
tornaram conhecidos após a Segunda Guerra Mundial co a descoberta do convento
de Qumran.
A diáspora levou os judeus a todas as partes do Império
Romano e um escritor chamado Strabo relatou nos dias do imperador Augusto
dificilmente haveria algum lugar no mundo onde os judeus não houvessem chegado.
O Egito e a Síria tinham 1 milhão de judeus cada um, na palestina 500 mil, no
Império Romano cerca de 1,5 milhão. Um fato para o grande crescimento e
expansão é um mistério e povo judeu interpreta através da promessa feita ao patriarca
Abraão. O povo judeu mantinha sua unidade e esta é vista durante a páscoa onde
o povo se reunia em Jerusalém que tornara-se um centro político-religioso. Esta
união tornou-se um movimento missionário. A pregação judaica era uma crença
monoteísta e em Alexandria, no Egito o antigo testamento foi traduzido para o
grego. Em torno das sinagogas criaram-se os círculos tementes a Deus. No
nascimento de Jesus o Império Romano se apresentava contra o semitismo (Modos e
idéias judaicas). O fato de o os judeus não terem a imagem de um Deus os levou
a ridicularizarão.
Nestes quatro primeiros capítulos Dreher nos apresenta
fatos históricos que nos proporcionam um melhor entendimento das questões
sociais, econômicas e religiosas no tempo de Jesus. Dreher inicia esta
caminhada pelos tempos de Jesus nas palavra de Paulo: Vindo, porém, a plenitude
do tempo, Deus enviou seu filho... e relata os escritos sobre Jesus, os
chamados evangelhos e seus escritores. Nos mostra que não podemos ter a visão
mais clara de um Jesus histórico, mas temos as palavras e os atos de um Jesus
terreno. Jesus foi a mensagem do reino de Deus. A fé em Jesus fez brotar uma
esperança, um novo céu e uma nova terra. A mensagem de Jesus era tida como
válida para todos os seres humanos, rico e pobre, forte e fraco, homem e
mulher.
Dreher ressalta o relato de Gálatas 4:4 , onde o apostolo
Paulo discursa sobre a “Plenitude do Tempo” um relato fruto da fé e que assim
sendo torna-se complexo a explicação de como Paulo chegou a esta afirmação.
Ressalta ainda a dificuldade de ter uma imagem clara e precisa de um Jesus
histórico. Podemos entender com esta afirmativa de Dreher que, sabendo que
temos relatos apenas de pessoas que partilhavam das idéias de Jesus, não temos
como ver o que outros tenderiam a dizer. Assim caminhamos por fé em Jesus. Um presente que
recebemos ao brotar uma esperança em nosso coração. A fé de vermos um novo céu
e uma nova terra, onde não haverá mais choro, nem dor, e viveremos todos
juntos. Jesus tinha suas mensagens voltadas basicamente para os humildes e
oprimidos. Uma palavra que trazia esperança e sempre era tida como verdadeira e
válidas para todos os seres humanos.
Falamos muito sobre os patriarcas da fé e por que não
lembrar da matriarca do cristianismo. Certamente ao falarmos do cristianismo
lembramos de Jerusalém, afinal foi lá que a maior parte das coisas
aconteceu. Foi nesta cidade que a fé se
desenvolveu de uma forma cristã diferente da que conhecemos hoje. Foi lá que
Jesus apareceu e foi lá que Jesus ordenou que os discípulos ficassem até que
fossem revestidos de poder pelo Espírito Santo. Foi lá que aconteceu o
pentecostes. Em Jerusalém podemos observar algumas características como: Era um
lugar onde havia muito movimento; Foi onde houveram as aparições pascais; Foi
lá onde começamos a identificar a palavra envio. Temos o caso de Estevão,
Felipe e mulheres incumbidas neste comissionamento.
Dreher, fala sobre os ensinamentos dados pelos
comissionados como a ressurreição, o cumprimento das escrituras, os testemunhos
pessoais e o arrependimento. O objetivo
de cada pregação era o batismo. Com o batismo pretendia-se ver o perdão e o
arrependimento. Estes grupos para os judeus eram mais um semelhante aos
fariseus. O judaísmo tolerava muitos grupos
e heresias dede que aceitassem o Tora. A comunidade se declarava o
Israel dos finais dos tempos e aceitavam a cruz, iam ao templo, eram unânimes,
partiam o pão de casa-em-casa e estas refeições tinham caráter de culto. Oravam
o Pai Nosso, jejuavam e tinham seus bens em comum. Tinham como
líder Tiago, irmão de Jesus. Tinham o domingo como o dia do Senhor onde as
pessoas se reuniam em suas casas para celebrar a ceia.
A mensagem se expandiu e de Jerusalém a Roma era
conhecida a fama de Jesus. Paulo foi o homem que levou a mensagem ao mundo
helenista-romano. Paulo era judeu e natural de Tarso, era rico e chegou a
querer ser rabino. Tinha como profissão o fazer tendas. Era um homem
determinado a seguir a lei. Paulo foi encarregado se não deixar que a nova
seita crescesse e um dia em indo à Damasco teve seu encontro com Cristo. Após
sua conversão Paulo teve um crescente interesse missionário, o qual levou muito
a sério.
A comunidade de Jerusalém não permitia dois tipos de
comunidades cristã e Paulo apresentava uma nova compreensão escatológica. Em
Antioquia, lembra Dreher que havia um número grande de convertidos e então
Barnabé é enviado até lá para acalmar os ânimos. Barnabé levou Paulo consigo.
Lá o pessoal de Antioquia exigia a eliminação de muitas prescrições para os que não eram judeus. Assim ocorreu em
Jerusalém uma grande reunião para dar definições aos ocorridos o que conhecemos
como: Concílio dos Apóstolos. Ao final tiveram algumas definições como a
liberação dos cristãos da circuncisão e o dever
de evitar o sexo antes do casamento e o consumo de carne sacrificada. Os
conflitos com Pedro nunca cessaram e Barnabé o abandonou. Paulo buscou muitas
informações no antigo testamento que apontavam para Jesus. Paulo anunciou
também aos gregos a salvação.
Em relação às comunidades gentílicas-cristãs, logo após
Paulo, temos algumas fontes que nos ajudam a entender estas comunidades como:
os escritos neotestamentários, os pais apostólicos, os evangelhos e os atos dos
apóstolos. Como pais apostólicos temos Clemente, Inácio de Antioquia, Policarpo,
Barnabé, Papias, o pastor de Hermas e ainda a Didaquê.
Quando nos voltamos para a situação das comunidades e
surgimento do episcopado monárquico, Dreher nos mostra que por volta de 130-140
o entusiasmo do cristianismo estava desaparecendo. Estávamos a caminho da
institucionalização. Nesta época já surgiam formas mais rígidas de organização
e nos deparamos com o episcopado monárquico que ficou conhecido como bispo. O
clero era composto por um bispo, um presbítero e um diácono. Todos deveriam
obedecer e submeter-se aos ministros. Daí temos uma Igreja Clerical.
O culto já não tinha todo aquele entusiasmo. Havia uma
ordem a ser seguida e costumes fixos. Haviam comemorações semanais e cultos ao
nascer do sol e cultos pela noite. Cada um com um costume onde podemos
identificar o uso de cânticos, orações formuladas (Pai Nosso) e leitura das
escrituras. Os cultos eram no dia do Senhor e em outros durante a semana. O
domingo surgiu na França em oposição ao sábado. Nas quartas e nas sextas-feiras
haviam jejuns e vigílias. No domingo não havia jejum e nem joelho no chão. As
orações eram feitas em pé conforme o Didaquê. O batismo era realizado de várias
formas não sendo necessário a imersão, bastava a aspersão. Nos batismos feitos
as pressas direcionavam as pessoas as classes de catecúmenos para que
aprendessem da didaquê e fossem catequizados. A fé começava com a confirmação
batismal era seguida com o aprendizado das fontes posteriores dos apóstolos
onde muitas destas tornaram-se bíblia. A ética era seguida com jejuns e
abstinências de carnes, vinho e sexo e uma obra assistencial aos necessitados
era muito visível. Nas comunidades, Dreher nos mostra as mudanças surgidas
mediante a fé e o tratamento dado a pessoas que desejavam participar das
comunidades mas tinham profissões que não condiziam. Também não era permitido
um cristão seguir a carreira militar por ter que clamar por outros deuses. Não
havia muita preocupação com a escravidão, pois se esperava uma breve volta do
messias. Como o passar do tempo muitos militares tornaram-se cristãos e não
deixaram a profissão. Dreher relata ainda sobre uma cristã que tornou-se
concubina do imperador e intercedia
pelos cristão em perigo.
No 9º (nono) capítulo Dreher trata das Heresias e
calolicidades nos apresentando que os sinas, visões e milagres eram algo normal
e que doutrinas de salvação (gnoses) apareciam. A gnose era como um bálsamo
para a alma e influenciava muito na igreja a ponto de pontos poderem
distinguir. A igreja precisou travar uma grande batalha contra as gnoses.
Dreher nos apresenta ainda uma série de relatos como os de Saturnino que
descreveu que Jesus não nasceu e sim apareceu, Basilides que diz que Cirineu
após ter carregado a cruz foi crucificado no lugar de Cristo e Cerinto que
afirmou que o mundo foi criado por Virtude, um ser afastado de Deus e que Jesus
é fliho de José e Maria e que Cristo teria encarnado nele de depois o deixado
sozinho para morrer.
No item 9.2 encontramos Marcião, homem filho de bispo e
que foi expulso da comunidade que se junta a Valentino que também tinha sido
expulso e começa a proclamar que Javé era um deus imperfeito e que tudo que ele
tinha criado era besteira. Afirma que o Deus verdadeiro era Jesus e que este
era totalmente diferente do anterior. Marcião busca eliminar tudo o que é judeu
da Igreja e isto conduz o povo a confessar que o Deus do Antigo Testamento é o
mesmo Deus do Novo Testamento. A Igreja
consegue ajustar os dogmas e afirma que Jesus Cristo é o filho de Deus e
normatiza que tudo o que for surgir e ser escrito tem que partir deste
princípio. Temos então a primeira grande confissão de fé.
Dreher fala sobre o Montanismo, um outro movimento que
teve seu iníco quando Montanus foi batizado e após o batismo começou a falar em
línguas e também duas mulheres. Eles seguiram pregando heresias a afirmando que
a vida de Cristo estava próxima. Tertuliano, que tinha grande influência na
Igreja, tendo defendido a igreja na luta contra os marcisistas e gnósticos
apoiava o movimento e assim a igrej o abandonou.
Por fim temos Cipriano, um dos mais influenciado por
Tertuliano. Este pai da Igreja fugiu do martírio e depois defendeu-se dizendo
que onde se escondeu pode motivar a comunidade a ser perseverante. Mas tarde
foi preso e morte. Ele afirmava que o episcopado monárquico tinha sido definido
por Jesus ao declar: “Tu és Pedro sobre esta pedra edificarei a minha igreja” e
também “assim como o pai me enviou eu vos envio”.
No capítulo 10, Dreher fala sobre a formação do cânone
neotestamentário e a mulher na igreja antiga. O que logo se destaca é que a
mulher não podia ter acesso as escrituras e muito menos assumir alguma
responsabilidade a não ser a do lar segundo a interpretação do cristianismo
primitivo. Quando lemos as epístolas nos deparamos com Febe, Júnia e vemos
diaconisas, mulheres na liderança e ajudantes de Paulo. O machismo era evidente no novo testamento,
as passagens onde constavam mulheres fora m alteradas e raramente quando
deixadas foram inseridas outras palavras para desqualificar as mulheres. Lucas
era muito machista e não permitia de forma algum relato de mulheres. Havia
grande ciúme em relação a Maria Madalena.
Após Constantino a mulher foi eliminada de vez dos ciclos importante da
igreja. Ortodoxia e Heresia era o binômio que caminhava junto a igreja. Muitos
foram os debates a cerca das mulheres e a mesmas passagens bíblicas eram usadas
tanto para minimizar como para maximizar
a presença da mulher na Igreja. A
verdade era que a mulher tinha uma influência muito grande mas o machismo não
podia aceitar, pois diziam: “o pecado começou na mulher”.
O Patriarcado Eclesiástico tem como ponto de partida: a
mulher é herege. Criada para funções auxiliares e quem fosse contra a tradição
da igreja era um herege. O resultado foi a marginalização inevitável da mulher
na igreja. Por fim, fica explicito que Jesus nunca deixou as mulheres a margem
e os evangelistas tiveram que entender isto. Elas ficaram juntas a cruz, foram
as primeiras testemunhas do sepulcro vazio e da ressurreição. Jesus é renovador
e elimina todas as diferenças. Paul também afirma isto em sua cartas aos
Gálatas 3:28 – “Somos um em
Cristo Jesus”.
Fé Cristã e Filosofia é tema abordado por Dreher no 11º
capítulo. Dreher fala de quando o jovem cristianismo se depara com o estocismo
profundamente religioso. Aponta Justino como filósofo que se converteu aos 25
anos e que buscou mostrar que toda a filosofia estava inspirada do Logos
divino. Epileto que foi escravo também seguiu nesta linha e o estocismo foi se
transformando em estocismo cristão. Clemente de Alexandria, considerado o
primeiro teólogo defendia a mesma tese de Justino. A pessoa mais influenciada
pelo pensamento de Clemente foi Orígenes, este foi o sucessor de clemente e
transformou a escola de catequese em escola de teologia. Tornou-se o mais
famoso dos sábios, explicava e palestrava em vários lugares sobre a essência da
fé cristã. Manteve-se simples. Foi preso, torturado e alguns anos mais tarde
morto devidos as seqüelas das torturas. Nunca negou a fé e depois de Clemente e
Origines a igreja não pode mais deixar de lado a filosofia.
Imperador e os
Cristãos – A fé cristã não foi adversa à autoridade, inclusive oravam pelas
autoridades conforme 1 Tm 2.2 e as autoridades permaneciam por muito tempo
indiferentes quanto ao cristianismo até surgir Nero. Após o falecimento de
Augusto sem deixar herdeiro e também Tibério sem deixar herdeiro, subiu ao
trono Cláudio um maníaco sexual que morreu envenenado e então subiu ao trono um
jovem de 17 anos: Nero que mandou eliminar a mãe convenceu sua esposa a
suicidar e matou a segunda esposa. Após a cidade de Roma ter sido incendiada e
a culpa ter caído sobre Nero ele não exitou em colocar a culpa sobre os
cristãos. Muitos foram mortos, queimados, crucificados, mas esta não foi
considerada uma perseguição por motivos religiosos. Dreher começa a nos
apresentar Tolerância e Perseguição no governo de Domiciano que começava a se
proclamar “Senhor e Deus” exigindo grandes saudações e sacrifícios. Trajano, um
governador que queria Paz e Ordem foi mais tolerante e dizia que os cristãos não
deveriam responder por acusações anônimas. Muitas eram as acusações e mesmo
sabendo da inocência, para não parecer favorável aos cristãos muitos morreram
no governo de Trajano. Aqueles que morreram confessando a fé foram considerados
como Mártires pela igreja. A Crise do Império e da Igreja começou com a morte
de Marco Aurélio. Depois de uma grande expansão da fé cristã a igreja começou a
ser perseguida e assim muitos sacrifícios, subornos começaram surgir. O clero
foi atacado e os bens da igreja confiscados. Diocleciano tolerou o cristianismo
a princípio, mas depois iniciou uma eliminação radical do cristianismo
destruindo salas, trazendo desemprego, obrigando a entregar os livros e
encerrando em cadeias os clérigos. Quando já não havia mais lugares nas cadeias
as mortes iniciaram. Entretanto Diocleciano e todos os demais entenderam que o
movimento não podia ser destruído e cinco dias antes de sua morte seguindo o
testamento de Galério, Diocleciano assinou o edito que revogava todas as más
atitudes em relação aos cristãos.
No capítulo 13
Dreher fala sobre a Igreja Imperial, sobre a ascensão de Constantino e sua meta
em ser o único governante do império. O sonho e um império, um imperador e uma
igreja estavam prestes a ser uma realidade. Constantino, após a guerra com
Maxêncio torna-se o imperador do Ocidente. O imperador Constantino junto com
seu cunhado o Imperador Licínio, fazem do culto divino suas principais
preocupações. A igreja livre iniciava uma nova era. A igreja pensava ter um
imperador cristão. Constantino concordava que um Estado sem religião era algo
inconcebível. Um monograma de Cristo foi estampado nos escudos dos soldados e,
a igreja a cada dia acreditava mais na conversão de Constantino. Era o segundo
Moisés o escolhido de Deus e mesmo com todas as mortes realizas pelas mãos de
Constantino a igreja não podia enxergar os fatos apenas um grande imperador.
Quem é Jesus? Os cristãos tinham as definições dadas por
Pedro e por Paulo como suficientes, mas para o imperador não era. Assim eles
foram obrigados a formular que era o Cristo e tiveram que fazer teologia. Ário
era conhecido do mundo teológico e tornou-se presbítero em Alexandria, cidade
onde as decisões político-eclesiásticas eram tomadas. O jovem diácono Anastácio
lanço-se contra Ário e a discussão, pois o Egito em chamas. Assim o
imperador convocou todos os bispos para uma reunião em sua residência de verão
(Nicéia) e as viagens foram costeadas pelo império. Em 20 de maio de 325
realizou-se a abertura do Sínodo, Concílio de Nicéia.
Os resultados da revolução de Constantino causou na
história, trouxe muitas conseqüências negativas para a igreja, pois a igreja
estava atrelada ao estado. A igreja passou a ter regalias no império. O domingo
foi consagrado e a dada de nascimento de Jesus (06/01) foi alterada. Com a
morte de Constantino e seus sucessores a igreja foi crescendo e deixando sua
autonomia. Agora a igreja era imperial e um credo religioso estava
estabelecido.
No capítulo XIV Dreher começa a falar sobre o surgimento
do papado. Fala sobre as diversas lendas em que a igreja estava envolvida, do
episcopado de Pedro e dos prodígios e brigas dentro da igreja. Aponta Granciano
como o Imperador que deu ao bispo da igreja o título de autoridade eclesiástica
máxima no Ocidente. Temos o surgimento do governador Ambrósio que foi
consagrado a bispo e foi um dos criadores do hino latino-cristão. Não há muitos
documentos de como viviam as igrejas nesta época. Falar de religião era coisa
só para a alta sociedade visto ter a fé se tornado imperial, estatal. Isto a
cada dia fazia a igreja se parecer mais com o mundo. Era uma igreja morna, ser
crente era só ter uma alegoria. Foi aí que algumas peças de roupas, a cruz que
Jesus foi crucificado, espinhos começaram a fazer parte da igreja. O número de
relíquias começava a aumentar e olhar para estas relíquias era aumentar a fé.
Assim a crença de que estes objetos podiam fazer milagres começou aparecer.
Todo o poder dos santos agora estava nas imagens e Maria já não era
simplesmente a mãe de Jesus era a imaculada, a virgem aquela que era a mãe de
Deus e quem podíamos clamar. Encontramos ainda neste capítulo Agostinho, pessoa
inteligente que se alegrava com a ciência. Certa vez foi levado a ler a bíblia
por Ambrósio e as palavras o marcaram profundamente levando a uma conversão
sincera. Transformou sua casa paterna em
convento e ali batiza muitas crianças. Deparou-se com Pelágio durante a
história e isto gerou conflitos sobre o pecado e a graça. Agostinho ainda
escreveu muitos escritos que tiveram grande significado para a igreja latina.
Qual o rico que se salva? Esta foi uma das temáticas que,
na preocupou a fé na Igreja antiga. As palavras de Jesus ao jovem rico
influenciaram fortemente os pais da igreja que, de modo errado pregava que os
ricos não poderiam se salvar. Herma teve diversas visões e na terceira o que
lhe foi mostrado, uma torre que se levantava sobre as águas, o fez ter alguns
entendimentos sobre a riqueza e a pobreza. Tiago também falava contra os ricos
e pregava que eles podiam ser salvos na condição de deixarem suas riquezas
totalmente de lado. Tertuliano dizia que Deus justificava os pobres e condenava
os ricos. Clemente em seu escrito: Qual o rico que pode ser salvo? Tentava despertar nova esperança no coração
dos ricos, a esperança de salvação e repartição dos bens, e a cada discurso
Clemente se distanciava mais dos ensinamentos de Jesus. Jesus oferecia um
convite a auxiliar os pobres e como poderia alguém auxiliar alguém não tendo
nada? Muitos pais da igreja no século IV
se pronunciaram quantos as propriedades privadas e o acúmulo dos ricos, pois
aquilo que era de todos virou algo privado e negociável. Basílio seguia a linha
de que a igreja podia exigir dos ricos a ajuda nos trabalhos sociais e deixou
de pedir esmolas. Suas exigências eram consideradas utópicas. Gregório de
Nazianzo dizia aos ricos para serem como no início (tenham tudo em comum) e
João Crisóstomo o grande economista seguia a mesma linha lembrando como vivia a
igreja primitiva. Afirmava que, a riqueza de Abraão e a de Jó eram uma dádiva
de Deus e não tinha sido adquirida injustamente. Mesmo não tendo suas idéias aceitas vemos
nele um exemplo de filho da Igreja antiga. Enfim a maioria dos teólogos
entendia tudo como uma dádiva de Deus e intocável. Assim a igreja caminhou com
as esmolas.
No final da História da Igreja antiga identificamos
algumas características. O ocidente diluía as lutas e permitia um surgimento do
papado e no Oriente as rivalidades cresciam nos ditos dos patriarcas. Temos o
uso da eucaristia e a prática de tornar herege qualquer doutrina que negasse a
perfeita união de Deus e do Homem. Nos deparamos também com Cirilo, um homem
que nasceu para ser imperador que após tomar posse do trono, matou muitos
judeus e influenciou o Imperador Teodósio II a convocar um Sínodo. Nos deparamos também o 2º, 3º e 4º Concílio
Imperial, neste, foi escrito um novo credo apostólico. O fim do império foi
marcado pelo Imperador Justino que ordenou que todos fossem batizados e tornou
a certidão de batismo importante, convocou o 5º Concílio ecumênico e tentou
reconciliar as igrejas monofisitas e não teve sucesso.
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