Princípios ESTÓICOS

Livros sobre estoicismo na Amazon O  estoicismo   é uma filosofia antiga que surgiu na Grécia e foi desenvolvida por filósofos como Zenão de Cítio, Epiteto e Sêneca. A filosofia estoica enfatiza a importância do autocontrole, da virtude, da aceitação do que não pode ser mudado e da harmonização com a natureza. Os  estóicos   acreditavam que a chave para a felicidade e a tranquilidade interior estava em aceitar as circunstâncias da vida, independentemente de serem favoráveis ou adversas, e em cultivar uma atitude de indiferença em relação aos prazeres e desejos materiais. Para os  estóicos , as emoções negativas, como o medo, a ira e a tristeza, eram consideradas perturbações irracionais que deveriam ser superadas por meio de um controle consciente da mente e das emoções. Eles também defendiam a importância de agir de acordo com a razão e a virtude, buscando sempre a excelência moral em todas as áreas da vida. Alguns ensinos essenciais do estoicismo   1) Viver de acordo com a natureza O

Peter Sloterdijk

Peter Sloterdijk

 “A natureza concebida teologicamente, é o nome 
da autorrealização de Deus no dessemelhante”
 (Sloterdijk, 2016, pág. 37).


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Uma descoberta transformadora. Esta seria uma curta definição da leitura de Sloterdijk pela primeira vez. Descobrir algo novo é uma experiência excitante para um aprendiz voraz em busca de conhecimento. Transformação seria uma forma mais amena de se referir à libertação que o aprendizado revelador provoca no íntimo do leitor. De fato, a cada olhar sobre a profundidade das palavras de um grande sábio, produz-se a transformação em busca de uma nova direção, rumo a um caminho melhor para viver.

Em sua trilogia Esferas, Peter Sloterdijk apresenta uma nova forma de enxergar o mundo e a própria existência. Impressiona como pode ser ao mesmo tempo tão profundo e filosófico, como também prático no sentido de atingir diretamente o viver humano em sua essência, partindo das relações com seu próximo desde o nível pessoal ao político, buscando a gênese da formação contínua da humanidade e como pode ser mais “humana”.

Usando a linguagem de Sloterdijk, o seu leitor é realmente insuflado pelo conhecimento, passando a descobrir a verdade que antes não conseguia ver e crescendo em sua relação com o mundo e consigo mesmo, sabendo primeiramente que o seu eu não pode existir sem o tu e o nós. Essa é a mudança que Sloterdijk propõe, começando pela transformação do mundo através do ser humano, numa busca de ser a cada dia melhor.

A impressão causada pela leitura de Sloterdijk pode atingir especialmente três níveis da vida prática: as relações pessoais, a religiosidade e a sociedade ou política. A compreensão das chamadas bolhas, desperta o entendimento de que não é possível viver apenas voltado para si mesmo e que muitas relações se tornam egocêntricas, em busca de satisfazer apenas a própria vontade, quando não há ressonância com o outro, mas apenas o eco de si mesmo. Por outro lado, no campo da religiosidade e da política existe uma forte tendência na formação de bolhas patológicas, gerando o domínio da ignorância e da injustiça, o que pode ser claramente notado na história e no mundo atual.

A visão antropotécnica traz a inquietante pergunta: “onde estamos quando estamos no mundo?”. A resposta desperta a compreensão de que a própria vida é gerada dentro de uma bolha, desde a atmosfera do planeta terra até a placenta onde o ser humano é gestado e protegido num sistema autoimune, sendo alimentado e insuflado até acontecer a descoberta do mundo exterior através da exclusão com o seu primeiro habitat. Isso parece lindo, mas na verdade se torna algo doloroso e desafiador, começando a luta pela própria existência no mundo externo. Neste momento acontece a neotecnia ou busca do cuidado materno, consolando a perda da proteção absoluta placentária e a partir de então se torna necessário o aprendizado pela chamada transferência, que desafia ao relacionamento com o outro, o diferente, mas que proporciona o descobrir de si mesmo sendo moldado em formas circulares que permitirão a construção de outras esferas de convivência.

O campo religioso é diretamente afetado por esta compreensão, visto que faz parte essencial da vida pessoal e dos relacionamentos humanos, mas que por outro lado, também pode ser usada para provocar o isolamento em bolhas com propostas de imunidade que não levarão a uma ressonância com o próximo. Isso é completamente contraditório, visto que “a faculdade íntima de comunicar-se em uma dualidade primária é a marca distintiva de Deus” (Sloterdijk, 2016, pág. 40). Portanto, qualquer tipo de religiosidade que conduza ao fechamento em relação à sociedade e as pessoas, causará a insuflação desta bolha patológica que iminentemente não se sustentará causando de forma inevitável a exclusão ao descobrir de forma decepcionante algo que não faz sentido. Daí o resultado de milhares de pessoas em busca do cuidado ou neotecnia, encontrando talvez outras propostas pra adentrar em novas bolhas religiosas ou talvez deslizando pela espuma causada pela infinita diversidade de religiões. Felizmente muitos alcançam o nível de transferência aprendendo a viver de forma solidária em relação ao seu próximo.

No campo político e social, a revelação se torna mais ainda alarmante, visto que as relações sociais estão aglutinadas em bolhas densas através de grupos variados de acordo com sua própria ideologia e a organização política tende cada vez mais insuflar bolhas sólidas com tentativas de aprisionamento do maior número de pessoas dentro de uma visão quase inquestionável, em torno de um grande líder ou da reafirmação de suas verdades. Quando a pessoa descobre que este tipo de relação político-social não ressoa de forma satisfatória alcançando o âmago das pessoas, nem as conduzindo umas às outras, então acontece também a exclusão ao se descobrir totalmente desamparada e sem saber para onde ir. O surgimento de novos movimentos e ideologias busca suprir a necessidade da neotecnia adotando os desamparados e órfãos do atual sistema numa constante busca pela adequada transferência para alcançar a carência do outro, sem excluir os diferentes.

Paulo Ghiraldelli (2018, pág. 29-34) sintetiza de forma prática a proposta de Sloterdijkem sua esferologia, primeiramente ao definir as bolhas ou microesferas como forma de entender o que é ser humano em suas relações com o outro, já as bolhas maiores ou macroessferas se refere aos níveis mais extensos em que a sociedade se organiza e a espuma ao movimento contínuo entre as relações que borbulham de maneira incontrolável gerando cada vez mais bolhas e esferas.

A leitura de Sloterdijk desvenda o olhar para a vida pessoal, religiosa e político-social, provocando uma inevitável mudança na forma de interpretar o mundo como um todo e partir de mim mesmo. Algumas perguntas inquietadoras se tornaram permanentes: “que tipo de microesfera estou vivenciando?”, “como é a macroesfera em que estou inserido?”, “qual movimento de espuma tem me conduzido?”, “em minhas relações há ressonância no outro ou apenas o eco de mim mesmo?” e “qual fase da antropotécnica estou passando: insuflação, exclusão, neotecnia ou transferência?”... Estas perguntas serão respondidas no dia a dia e nas relações com as pessoas, principalmente aqueles que considero diferentes.

O paralelo entre o aprendizado com as leituras e a vida prática passou de algo subjetivo para as relações pessoais onde descobri algumas bolhas que estavam sendo insufladas em mim, mas que não eram positivas. Também abri os olhos para perceber esferas maiores no campo da religiosidade e da política, que antes não havia me exposto de forma suficiente para entender. Compreendi alguns processos da antropotécnica em minha vivência com as pessoas e percebi rupturas causando a exclusão, bem como a busca pela neotecnia e a transferência. Tudo isso foi tão lógico que consegui evitar situações que antes me engoliriam em verdadeiras bolhas patológicas.


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Bibliografia

GHIRALDELLI JR, Paulo. 10 lições sobre Sloterdijk. Petrópolis: Vozes, 2018.

SLOTERDIJK, Peter. Introdução. Os Aliados ou A Comunidade insuflada. SLOTERDIJK, Peter. Esferas I- Bolhas. São Paulo: Estação Liberdade, 2016, p. 19-76.


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