Em seu livro, História da Evangelização no Brasil, César busca
trazer um panorama sobre como se deu o processo de evangelização em terras
brasileiras. E esse panorama abarca desde os jesuítas, na época do
descobrimento do Brasil, até a chegada dos neopentecostais, já no século XX.
Para apresentar esse processo de evangelização o autor divide o livro em três
partes. Nosso objetivo aqui será, portanto, apresentar brevemente cada uma
dessas partes. Para que assim tenhamos uma dimensão do conteúdo desta obra.
A primeira
parte é intitulada – CRISTIANIZAÇÃO (SÉCULOS XVI A XVIII). Esta parte, por sua
vez, é dividida em dez tópicos, e através dos mesmos podemos perceber como a
religião chega, então, no Brasil, país recém descoberto. César (2000) nos
mostra que no momento em que o Brasil estava sendo descoberto, a Europa passava
pelo processo da Reforma Protestante e das disputas religiosas. Sendo assim, os
portugueses que aqui chegaram, muito religiosos, e católicos, viram na nova
terra, Ilha de Vera Cruz, a oportunidade de fazer convertidos. Desde o início
pediu-se missionários para essas terras, mas isso demorou a ocorrer. Por fim,
foi Inácio de Loyola quem enviou os seis primeiros missionários católicos; que
tinham um difícil trabalho, uma vez que a terra era muito grande, e os
habitantes falavam outras línguas.
Rapidamente
o Brasil passa a contar não somente com os Portugueses, mas também com outros
interessados na terra. Sendo assim, ainda nessa primeira parte do livro vemos
que tanto calvinistas, quanto holandeses da Igreja Cristã Reformada também
chegam ao país, com o desejo de evangelização; que não necessariamente foi
bem-sucedido. Desde essa época, a evangelização já enfrentava um difícil
processo de sincretismo, uma vez que os missionários tinham dificuldades de
apresentar aos nativos uma fé que fosse separada das crenças indígenas e
africanas.
Em seguida,
na segunda parte, EVANGELIZAÇÃO (SÉCULO XIX), César (2000) nos mostra que os
protestantes demoraram para vir para o Brasil. Inclusive, a Bíblia chega antes
mesmo dos missionários protestantes. 40 anos para ser mais específico. Nesta
parte o autor já deixa bem clara a disputa entre católicos e protestantes. Os
católicos, principalmente portugueses, que se entendiam como donos da terra,
colocavam todos os empecilhos possíveis para os protestantes. Por exemplo, a
constituição de 1824 impedia que os protestantes alemães construíssem igrejas
com torre, sino e cruz. Pois essa era uma marca católica.
Entretanto,
mesmo com a dificuldade e desafios próprios da terra em si, e mesmo com a
disputa católica, os missionários de língua inglesa não deixam de desembarcar
no Brasil. Já nessa época é possível ver jovens missionários solteiros de
língua inglesa vindo tentar a sorte na nova terra; até mesmo alunos de seminários
teológicos buscam fazer do Brasil seu campo missionário. Foi inclusive nessa
época que a Igreja Metodista chegou ao Brasil, em 1835. Mas por algumas
dificuldades dos missionários a obra para em 1841 e depois só é retomada em
1867.
Já na
terceira e última parte, PENTECOSTALIZAÇÃO (SÉCULO XX), dividida em dez partes,
César (2000) nos mostra a chegada das diferentes denominações evangélicas no
Brasil. Nesse sentido temos que: foi um operário italiano que organizou em São
Paulo a igreja evangélica brasileira mais fechada, a Congregação Cristã do
Brasil; os missionários suecos fundaram a maior denominação evangélica
brasileira, Assembleia de Deus; nessa mesma época foi fundada a Presbiteriana;
um galã de Holywood fundou a Igreja Quadrangular; um pedreiro fundou a mais
aberta igreja pentecostal brasileira, a Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil
para Cristo; um jovem de 26 anos fundou a igreja pentecostal mais
rígida, Deus é amor. Nesse meio, ainda chega ao Brasil a Renovação
Carismática Católica, acirrando a disputa por membros. Por último, o autor nos
mostra que Edir Macedo funda a Igreja Universal do reino de Deus, grande igreja
da atualidade brasileira.
Encerrando
sua narrativa, o autor nos mostra que pentecostais e históricos, no Brasil,
acabam tendo que caminhar juntos. E que, por fim, o Brasil, recebe de braços
tão abertos o evangelho, por meio de tantas e diferentes denominações, que
acaba passando, rapidamente, de campo missionário para agência
missionária.
Portanto,
após a leitura do livro, vemos que de fato César (2000) fez o que se propôs a
fazer. Ele nos mostrar os instrumentos humanos por meio dos quais Deus se
serviu para fundar e estabelecer o evangelho no Brasil, ao longo dos seus 500
anos de história. O autor, em sua narrativa é claro e objetivo, ao mesmo tempo
em que consegue trazer uma riqueza enorme de detalhes acerca de cada
denominação/missionário. Ele nos mostra como Deus foi específico em usar cada
pessoa. Sobre esses missionários ele afirma:
Nem todos
pensavam e agiam do mesmo modo, quase nunca trabalharam lado a lado, não foram
unânimes na exegese bíblica, cometeram erros de estratégia missionária,
tornaram-se culpados de pecados de intolerância, não levantaram suficientemente
suas vozes contra a escravidão indígena e africana e outras injustiças sociais,
nem sempre exigiram arrependimento e conversão daqueles aos quais ministravam,
Todavia, ninguém pode negar que esses missionários e missionárias, europeus e
americanos do norte, estrangeiros e nacionais, católicos e protestantes,
não pentecostais e pentecostais, instruídos e iletrados, casados ou solteiros,
eram realmente vocacionados, amavam a Deus acima de tudo, deram-lhe suas vidas
e trouxeram para cá o evangelho de Jesus, promovendo e ampliando o reino de
Deus (CÉSAR, 2000, p. 13-14).
Por fim,
podemos pontuar que César foi muito feliz ao contar, não a história das
igrejas, mas sim a história da evangelização do Brasil, desde os jesuítas até
os neopentecostais. Este é um ótimo livro para aqueles que desejam um rico
panorama histórico sobre a evangelização desta grande nação, conhecida como
Brasil. Que hoje tem a graça de não ser mais um campo missionário, mas sim um
celeiro de missionários. De fato, aqui o evangelho fincou raízes e se
multiplicou. Claro que nestas muitas denominações vamos nos deparar, assim como
o autor pontua, com joios em meio ao trigo; e com isso devemos ter cuidado.
Mas, o mais importante, é que Jesus está sendo pregado, e pode de fato ser
conhecido nesta nação. O evangelho partiu da Judeia e Samaria e chegou até nós.
Comentários
Postar um comentário