Manto de Cristo - Lloyd C. Douglas

O Manto de Cristo é um romance histórico e religioso escrito por Lloyd C. Douglas , publicado originalmente em 1942. A obra gira em torno de Marcellus Gallio , um jovem centurião romano que  por punição política, é enviado à Palestina. Lá, ele participa da crucificação de Jesus e, por acaso, ganha sua túnica em um jogo de dados. A partir desse momento, Marcellus começa a sofrer crises emocionais e espirituais, sentindo-se profundamente perturbado pelo que presenciou e pelo estranho poder que o manto parece exercer sobre ele. Enquanto Marcellus tenta compreender o significado do manto e lida com uma crescente crise de fé e identidade. Ao longo do caminho, ele encontra personagens marcantes e é confrontado com os valores do cristianismo nascente, em contraste com os costumes decadentes do Império Romano. Movido por uma inquietação crescente, ele parte em uma jornada para descobrir quem foi Jesus. Ao lado de seu escravo e amigo Demétrio , Marcellus encontra discípulos e se...

História da Evangelização do Brasil: dos Jesuítas aos Neopentecostais: Elben César M. Lens

 história da evangelização do brasil

CÉSAR, Elben M. Lens. História da Evangelização do Brasil: dos Jesuítas aos Neopentecostais. Viçosa; Ultimato; 2000.

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Em seu livro, História da Evangelização no Brasil, César busca trazer um panorama sobre como se deu o processo de evangelização em terras brasileiras. E esse panorama abarca desde os jesuítas, na época do descobrimento do Brasil, até a chegada dos neopentecostais, já no século XX. Para apresentar esse processo de evangelização o autor divide o livro em três partes. Nosso objetivo aqui será, portanto, apresentar brevemente cada uma dessas partes. Para que assim tenhamos uma dimensão do conteúdo desta obra. 

A primeira parte é intitulada – CRISTIANIZAÇÃO (SÉCULOS XVI A XVIII). Esta parte, por sua vez, é dividida em dez tópicos, e através dos mesmos podemos perceber como a religião chega, então, no Brasil, país recém descoberto. César (2000) nos mostra que no momento em que o Brasil estava sendo descoberto, a Europa passava pelo processo da Reforma Protestante e das disputas religiosas. Sendo assim, os portugueses que aqui chegaram, muito religiosos, e católicos, viram na nova terra, Ilha de Vera Cruz, a oportunidade de fazer convertidos. Desde o início pediu-se missionários para essas terras, mas isso demorou a ocorrer. Por fim, foi Inácio de Loyola quem enviou os seis primeiros missionários católicos; que tinham um difícil trabalho, uma vez que a terra era muito grande, e os habitantes falavam outras línguas. 

Rapidamente o Brasil passa a contar não somente com os Portugueses, mas também com outros interessados na terra. Sendo assim, ainda nessa primeira parte do livro vemos que tanto calvinistas, quanto holandeses da Igreja Cristã Reformada também chegam ao país, com o desejo de evangelização; que não necessariamente foi bem-sucedido. Desde essa época, a evangelização já enfrentava um difícil processo de sincretismo, uma vez que os missionários tinham dificuldades de apresentar aos nativos uma fé que fosse separada das crenças indígenas e africanas. 

Em seguida, na segunda parte, EVANGELIZAÇÃO (SÉCULO XIX), César (2000) nos mostra que os protestantes demoraram para vir para o Brasil. Inclusive, a Bíblia chega antes mesmo dos missionários protestantes. 40 anos para ser mais específico. Nesta parte o autor já deixa bem clara a disputa entre católicos e protestantes. Os católicos, principalmente portugueses, que se entendiam como donos da terra, colocavam todos os empecilhos possíveis para os protestantes. Por exemplo, a constituição de 1824 impedia que os protestantes alemães construíssem igrejas com torre, sino e cruz. Pois essa era uma marca católica. 

Entretanto, mesmo com a dificuldade e desafios próprios da terra em si, e mesmo com a disputa católica, os missionários de língua inglesa não deixam de desembarcar no Brasil. Já nessa época é possível ver jovens missionários solteiros de língua inglesa vindo tentar a sorte na nova terra; até mesmo alunos de seminários teológicos buscam fazer do Brasil seu campo missionário. Foi inclusive nessa época que a Igreja Metodista chegou ao Brasil, em 1835. Mas por algumas dificuldades dos missionários a obra para em 1841 e depois só é retomada em 1867. 

Já na terceira e última parte, PENTECOSTALIZAÇÃO (SÉCULO XX), dividida em dez partes, César (2000) nos mostra a chegada das diferentes denominações evangélicas no Brasil. Nesse sentido temos que: foi um operário italiano que organizou em São Paulo a igreja evangélica brasileira mais fechada, a Congregação Cristã do Brasil; os missionários suecos fundaram a maior denominação evangélica brasileira, Assembleia de Deus; nessa mesma época foi fundada a Presbiteriana; um galã de Holywood fundou a Igreja Quadrangular; um pedreiro fundou a mais aberta igreja pentecostal brasileira, a Igreja Evangélica Pentecostal o Brasil para Cristo; um jovem de 26 anos fundou a igreja pentecostal mais rígida, Deus é amor. Nesse meio, ainda chega ao Brasil a Renovação Carismática Católica, acirrando a disputa por membros. Por último, o autor nos mostra que Edir Macedo funda a Igreja Universal do reino de Deus, grande igreja da atualidade brasileira. 

Encerrando sua narrativa, o autor nos mostra que pentecostais e históricos, no Brasil, acabam tendo que caminhar juntos. E que, por fim, o Brasil, recebe de braços tão abertos o evangelho, por meio de tantas e diferentes denominações, que acaba passando, rapidamente, de campo missionário para agência missionária. 

Portanto, após a leitura do livro, vemos que de fato César (2000) fez o que se propôs a fazer. Ele nos mostrar os instrumentos humanos por meio dos quais Deus se serviu para fundar e estabelecer o evangelho no Brasil, ao longo dos seus 500 anos de história. O autor, em sua narrativa é claro e objetivo, ao mesmo tempo em que consegue trazer uma riqueza enorme de detalhes acerca de cada denominação/missionário. Ele nos mostra como Deus foi específico em usar cada pessoa. Sobre esses missionários ele afirma: 

Nem todos pensavam e agiam do mesmo modo, quase nunca trabalharam lado a lado, não foram unânimes na exegese bíblica, cometeram erros de estratégia missionária, tornaram-se culpados de pecados de intolerância, não levantaram suficientemente suas vozes contra a escravidão indígena e africana e outras injustiças sociais, nem sempre exigiram arrependimento e conversão daqueles aos quais ministravam, Todavia, ninguém pode negar que esses missionários e missionárias, europeus e americanos do norte,  estrangeiros e nacionais, católicos e protestantes, não pentecostais e pentecostais, instruídos e iletrados, casados ou solteiros, eram realmente vocacionados, amavam a Deus acima de tudo, deram-lhe suas vidas e trouxeram para cá o evangelho de Jesus, promovendo e ampliando o reino de Deus (CÉSAR, 2000, p. 13-14).

 

Por fim, podemos pontuar que César foi muito feliz ao contar, não a história das igrejas, mas sim a história da evangelização do Brasil, desde os jesuítas até os neopentecostais. Este é um ótimo livro para aqueles que desejam um rico panorama histórico sobre a evangelização desta grande nação, conhecida como Brasil. Que hoje tem a graça de não ser mais um campo missionário, mas sim um celeiro de missionários. De fato, aqui o evangelho fincou raízes e se multiplicou. Claro que nestas muitas denominações vamos nos deparar, assim como o autor pontua, com joios em meio ao trigo; e com isso devemos ter cuidado. Mas, o mais importante, é que Jesus está sendo pregado, e pode de fato ser conhecido nesta nação. O evangelho partiu da Judeia e Samaria e chegou até nós.

 

  

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