Manto de Cristo - Lloyd C. Douglas

O Manto de Cristo é um romance histórico e religioso escrito por Lloyd C. Douglas , publicado originalmente em 1942. A obra gira em torno de Marcellus Gallio , um jovem centurião romano que  por punição política, é enviado à Palestina. Lá, ele participa da crucificação de Jesus e, por acaso, ganha sua túnica em um jogo de dados. A partir desse momento, Marcellus começa a sofrer crises emocionais e espirituais, sentindo-se profundamente perturbado pelo que presenciou e pelo estranho poder que o manto parece exercer sobre ele. Enquanto Marcellus tenta compreender o significado do manto e lida com uma crescente crise de fé e identidade. Ao longo do caminho, ele encontra personagens marcantes e é confrontado com os valores do cristianismo nascente, em contraste com os costumes decadentes do Império Romano. Movido por uma inquietação crescente, ele parte em uma jornada para descobrir quem foi Jesus. Ao lado de seu escravo e amigo Demétrio , Marcellus encontra discípulos e se...

História Eclesiástica - Eusébio de Cesaréia

 História Eclsiástica Eusébio de Cesareia

Eusébio de Cesaréia. História Eclesiástica. Templus; 1ª edição: 2017.

Compre o livro na AMAZON

O cristianismo é uma “religião de memórias” que possibilitou a História Eclesiástica uma percepção de Deus como atuante e autor da história.

Entre os judeus a memória especifica sua finalidade enquanto povo. Esse caráter foi repassado á fé cristã, todavia apresentava minuciosas diferenças.

Os judeus anseiam ainda pelo messias que representará o alvo da historia; por sua vez os cristãos alegam a Jesus de Nazaré esse atributo messiânico e entendem o reino de Deus estabelecido em tempo presente.

A manutenção da memória é que leva tanto judeus quanto cristãos a celebrarem cultos, na tentativa incansável de firmar a esperança através das lembranças.

O oriente do mundo antigo na época de Cristo estava sob o domínio do império Romano que por sua vez estava personificado na figura do imperador.

O império em sua constituição administrativa estava divido em províncias imperiais, senatorias e especiais tendo por menor unidade à cidade, sendo que cada uma dessas subdivisões obtinha um líder especifico que prestava contas ao imperador.

O grande responsável pela uniformidade cultural do império romano é o helenismo que se transformou em uma cultura urbana e burguesa voltada para os interesses materiais tendo a religião como dever civil.

Apesar de expansionista o movimento helenista não penetrou em regiões como Judéia, Síria e Egito.

A situação religiosa por volta do nascimento de Cristo era diversa; porquanto os cultos aos inúmeros deuses inclusive ao imperador atraiam uma massa de adeptos; ocasionando um sincretismo religioso.

Quando o ceticismo e o agnosticismo começaram a divulgar a futilidade desses cultos o caminho estava preparado para novas formas de religião.

A Judéia fazia parte da província da Síria e Jerusalém estava dividida em partidos religiosos.

Os saduceus eram um grupo elitista liderado por sacerdotes, que tinham por contraposição outro grupo, os Zelotes, que ideologicamente se embasavam no apocalipsismo e almejavam a libertação da Palestina.

O principal grupo de todas essas subdivisões religiosas era os fariseus, que em suma obtinham o caráter reformista rigoroso no seguimento da Torá.

Jesus nasceu pouco antes do séc IV ano em que Herodes morreu, sendo que seu reino foi dividido entre seus três filhos.

Unidos religiosa e culturalmente, depois de inúmeras deportações que deram inicio a diáspora judaica, o judaísmo se tornou em um movimento missionário, que propagava como dogma o monoteísmo ético.

Já na época de cristo o império sofreu varias influencias antisemitas, visto que os judeus mantinham a etnia com suas peculiaridades separatistas.

O centro da doutrina de cristo Jesus era o reino de Deus que seria consumado com a sua volta, essa afirmação da plenitude dos tempos nutria a esperança da primeira comunidade de cristãos que ansiava pelo inicio dessa nova era com uma mudança social.

Liderada por Tiago, irmão de Jesus, a comunidade de Jerusalém, que categoricamente era apocalíptica, ou seja, judaico-cristã, obtinha características relevantes de “envio”, com o objetivo de batizar para estabelecer o preparo catequético, integrando o individuo á igreja.

Essa comunidade cumpria a lei e obedecia a prescrição levítica de pureza, participava ativamente no templo e frequentava as sinagogas. Como seguimento praticavam refeições paralelas aos cultos, se expressavam comumente através da oração do Pai-nosso e exerciam o jejum.

Todavia surgiram diferenças entre a comunidade de Jerusalém e a comunidade judaica, determinantemente “o dia do Senhor” celebrado no domingo pelos os cristãos e a transferência do dia do jejum eram as mais representativas.

Os denominados Helenistas acresciam o grupo de Jerusalém com dedicação a missão entre os gentios.

O desenvolvimento da mensagem evangelística pelo mundo helenista-romano deu-se através de Paulo, que percebia nessa amplitude a eliminação da lei e uma nova compreensão escatológica.

De acordo com a comunidade de Jerusalém os cristãos gentios deviriam ser circuncidados e seguir os ritos de purificação, os helenistas asseveraram sua contraposição a essas requisições.

No concílio de Jerusalém foram formulados comunicados que eram constituídos das decisões apostólicas gerais que liberava os cristãos da circuncisão, mas evidenciava o manutenção do celibatário antes do casamento e a proibição do consumo de carne sacrificada.

Por ser toda a carne comercializada oferecida a divindades  muitos pertencentes a comunidade de Jerusalém exigiam a eliminação do consumo de carne pelos gentios, todavia Paulo liberou a ingestão de carne limitando essa liberdade quando fosse motivo de escândalo.

A nova compreensão escatológica onde Paulo alega que a salvação já ocorreu e que a mesma é presente, foi o padrão usado por ele na pregação anunciada aos gentios.

Os conflitos da comunidade de Jerusalém alcançaram o fim quando uma catástrofe terminou com o estado judeu, no entanto a comunidade se refugiou na Tranjordânia onde logo após passou a inexistir.

As comunidades gentílico-cristãs posteriores a Paulo possuem fontes extras testamentárias, podendo ser classificadas em: escritos neotestamentários, os pais apostólicos e os evangelhos apócrifos.

Na carta de clemente há exortações quanto insubmissão de jovens aos mais velhos, já nas epistolas de Inácio há a defesa do episcopado monárquico. Policarpo dirige sua carta a comunidade de Filipos. Outra fonte é o tratado escrito por um mestre gentílico cristão atribuído a Barnabé fazendo interpretações alegóricas do Antigo testamento.

Didaquê ou doutrina dos doze apóstolos aborda a constituição eclesiástica que evidencia a fé cristã e sua proximidade com o judaísmo, bem como prescrições para a vida cúltica no tocante ao batismo, o jejum, a oração e eucaristia.

Por sua vez a segunda carta de clemente sendo em verdade uma homilia escrita por um presbítero apresentam citações de palavras de Jesus.

O escrito apocalíptico que tem por autor um leigo católico denominado Hermas está dividido em doze mandamentos e dez descrições.

O futuro da fé cristã era o cristianismo gentio tendo por constatação definitiva o desaparecimento do entusiasmo cristão primitivo.

Quanto mais a supressão do espírito era evidente mais a ação do episcopado e diaconia eram presentes, surgindo então o episcopado monárquico.

A função do bispo monárquico e do presbítero eram justapostas, sendo o presbítero suplente do bispo nos cultos.

Hierarquicamente o diácono era subordinado ao presbítero, sendo suas funções as mais importantes.

Entretanto a passagem de supervisor para bispo monárquico gerou insatisfações obtendo pós e contras e dando inicio a formação da igreja clerical.

O culto também foi institucionalizado estabelecendo adsorção de costumes, a comunidade cristã passou a ter duas distintas reuniões celebradas no domingo “dia do Senhor” como oposição ao sábado judeu, ou também em dias semanais, sendo um culto de pregação antes do nascer do sol e um culto eucarístico á noite com orações livres.

No tocante aos conteúdos da fé houve fixações literárias da tradição evangélica, a coleção das cartas paulinas e afirmação de confissões básicas de fé.

A redação dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas) e João que foi considerado próximo ao agnosticismo, como também diversos outros que  posteriormente foram considerados apócrifos e o apocalipse de João e Pedro que foi influenciado pela piedade judaica demonstraram que as concepções religiosas eram voltadas para  fé em cristo.

A ética cristã começou a se envolver com a pratica da penitencia, surgindo diferenciações entre pecados perdoáveis e imperdoáveis, a pratica acética abrangia o jejum e a abstinência da carne.

O expansionismo da fé cristã suscitou uma mudança de estrutura, porquanto a fé havia adentrado em todas a camadas sociais.

Muitos se converteram, todavia não abnegaram de suas profissões ocasionando conflitos sendo uma questão fundamental da fé cristã.

As comunidades não eram estabelecidas em locais fixos, levando a reuniões a casas particulares, não obstante á partir do séc. III com o crescimento das comunidades e o surgimento de uma de uma hierarquia sacerdotal as reuniões passaram a obter locais destinados, na tentativa de separação do santo e do profano.

A gnose era uma corrente filosófica ou doutrina de salvação que se baseava em revelações espirituais, visto que o mundo onde penetrou o cristianismo o misticismo era potente, esses tipos de manifestações eram normais, todavia esse movimento gnóstico criou uma fé cristã que incluía a sabedoria e fé, tornando as práticas cristãs em seitas gnósticas.

Outro confronto para a igreja foi o armador Marcião , filho de um bispo, expulso de uma congregação  alegava que  o Javé dos judeus era imperfeito, contrapondo o Deus que se revelou em cristo defendo a mensagem divina segundo a lei do amor, suas arguições geraram uma coleção de escritos.

Esse cânone de Marcião obviamente acelerou a criação do cânone neotestamentário a qual a igreja usufruía como norma de ensino e doutrina.

Outro movimento que redarguiu a institucionalização da Igreja foi o Montanismo, liderado pó Montanus, o qual com o termino de seu batismo entrou e m êxtase e começou a falar em línguas, dizendo ser portador de uma segunda revelação que findaria toda a atividade profética.

Cipriano bispo de Catargo levantou uma tese que posicionou muitas discussões, partindo do ideal que o episcopado monárquico era uma instituição de Jesus.

Partindo de uma alteridade para analisar o novo testamento muitos tradutores supõem que as mulheres citadas nas cartas paulinas eram coadjutoras de Paulo, não admitindo o exercício missionário das mulheres, entretanto o apostolo Paulo trabalhou justaposto as mesmas reconhecendo a autoridade que obtinham.

Não obstante o cristianismo primitivo primariamente não era um movimento patriarcal, nenhum dos evangelistas negativisaram as palavras de Jesus acerca da mulher, tanto que o movimento renovador de Cristo era considerado herético, porém constata-se que redações dos evangelhos estavam submetidas ao sistema patrilinear porquanto o mundo estava restrito a essa regra.

Os relatos neotestámentarios foram previamente selecionados, onde os autores optaram pelas tradições, transparecendo a vocação como idoneidade propriamente masculina.

Os códigos de reprodução neotestamentária evidenciam a alteração de todas as passagens que vislumbram a atividade feminina.

Existem inúmeras fontes que ratificam que a questão feminina era alvo de discussões acelerando o processo patriarcal da Igreja, no entanto a marginalização da mulher crescia concomitantemente com as comunidades e com patriarcalismo eclesiástico.

A fé e a filosofia foram conflituosas, todavia muitos apologetas aderiram a filosofia positivamente a cristologia, após a elaboração de teses por alguns intelectuais cristãos a igreja assumiu muitos elementos da cultura helenista  que foi aspiradas pela veracidade cristã.

Em sua iniciação, a fé cristã não contrapôs as autoridades, contudo não prestavam expressões de fidelidade ao Estado prestando culto ao imperador, tendo conflitos por não atenderem a essa requisição, sofrendo o antagonismo do imperadores como Nero, o mais violento de todos.

Desde a destruição de Jerusalém os cristãos não eram mais considerados como uma seita judaica, sendo alvo de perseguições, levando alguns ao enfraquecimento, servindo e reconhecendo o imperador como ‘senhor e Deus” forçosamente.

O sincretismo, agnosticismo e cultos de mistérios eram aclamados no império, com a crise do império e o imperador Valeriano através de editos estabeleceu Mithras “o deus sol “ como deus do Estado romano.

Quando Constantino assumiu o poder a Igreja iniciou uma nova era e proporcionou a igreja o direito de cultuar e admitiu a divindade cristã usufruindo da cruz transpassada por uma espada como amuleto.

A adoção da filosofia grega pelo cristianismo forçou os cristãos a fazerem formulações dogmáticas levando o imperador à por fim as questões a respeito da trindade excomungando todos aqueles que aderissem outra costume e afirmação de fé.

Constantino pôs fim a Antiguidade intervindo na igreja evitando sua extinção.

A igreja Estatal  através do bispo fanatizou o povo ,quando governou Teodosio a Igreja se tornou uma igreja imperial proibindo o paganismo, todavia a autonomia das comunidades cristãs se perdeu sendo tutelados pelos bispos e pelo estado.

Os primórdios do papado segundo a tradição católica e atribuído a Pedro o apostolo, mas a designação papal todavia foi instituída pelo bispo Damaso de Roma, quando o imperador Graciano decretou a autoridade eclesiástica e jurídica do bispo de Roma.

Até o séc. II os romanos mantiveram a distancia os povos de origem Germânica, todavia conseguiram adentrar as fronteiras e sob os ataques dos hunos o desmoronamento  do  império ocidental Romano começo a se materializar.

As formas de vida cristã não eram muitos fluentes, entretanto na tentativa pedagógica da igreja em viabilizar meios visíveis de fé que mantivessem o povo consentiu o uso de relíquia na realização de milagres.

Quando a ascesse  e a meditação dominou os cristãos piedosos a mulher passou aa personificar santidade.

A vida monástica se instituiu com a finalidade de santificação e separação do mundo profano, levantando grandes mestres da Igreja Latina .

Jerônimo por excelência participante desse rol de doutores da Igreja concluindo a tradução da Septuaginta (LXX) para o latim, que ficou conhecida como a vulgata.

Agostinho por sua vez proporcionou a igreja uma formação teológica , como teólogo e filosofo desenvolveu a doutrina do pecado e da graça.

Com relação à riqueza e a pobreza na Igreja Antiga, o mundo era caracterizado por desigualdades sociais, as interpretações das palavras Jesus é que especificam o quadro  de posicionamento da Igreja.

Alguns proclamaram divergências quanto a conciliação de propriedades e vida cristã, outros teólogos em maioria alegavam que as riquezas eram dádivas á serviço do reino de Deus e que os desníveis sociais eram vontade dEle, tornando a propriedade privada direito constituído.

O final da historia da Igreja Antiga dá-se  enquanto a dissolução do império ocidental romano e a luta do estado oriental em manter a unidade da igreja sobressaindo as rivalidades dogmáticas.

As provocações de Cirilo patriarca de Alexandria contra Nestório bispo de Contantinopla, Nestório  contrapôs a teologia de Alexandria e Cirilo revidou com comentários pejorativos e ambos requisitaram  o bispo de Roma para convocação de um sinódio, sendo o resultado o exílio de Nestório.

Uma nova discução Teológica surgiu , e o concilio de Éfeso foi marcado para resolver as questões partidárias dos patriarcas, o resultado foi o triunfo da teologia de Alexandria que afirmava que cristo não era propriamente humano mas apenas aparentava ter aparência humana.

A ruptura política e eclesiástica entre oriente e ocidente ocorreu com o fim do império, onde o imperador Justino fracassou em suas tentativas de reunificação do império.

    

Comentários