
Eusébio de Cesaréia. História Eclesiástica. Templus; 1ª edição: 2017.
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O cristianismo é uma “religião de memórias” que possibilitou
a História Eclesiástica uma percepção de Deus como atuante e autor da história.
Entre os judeus a memória especifica sua finalidade enquanto
povo. Esse caráter foi repassado á fé cristã, todavia apresentava minuciosas
diferenças.
Os judeus anseiam ainda pelo messias que representará o alvo
da historia; por sua vez os cristãos alegam a Jesus de Nazaré esse atributo
messiânico e entendem o reino de Deus estabelecido em tempo presente.
A manutenção da memória é que leva tanto judeus quanto
cristãos a celebrarem cultos, na tentativa incansável de firmar a esperança
através das lembranças.
O oriente do mundo antigo na época de Cristo estava sob o
domínio do império Romano que por sua vez estava personificado na figura do
imperador.
O império em sua constituição administrativa estava divido
em províncias imperiais, senatorias e especiais tendo por menor unidade à
cidade, sendo que cada uma dessas subdivisões obtinha um líder especifico que
prestava contas ao imperador.
O grande responsável pela uniformidade cultural do império
romano é o helenismo que se transformou em uma cultura urbana e burguesa
voltada para os interesses materiais tendo a religião como dever civil.
Apesar de expansionista o movimento helenista não penetrou
em regiões como Judéia, Síria e Egito.
A situação religiosa por volta do nascimento de Cristo era
diversa; porquanto os cultos aos inúmeros deuses inclusive ao imperador atraiam
uma massa de adeptos; ocasionando um sincretismo religioso.
Quando o ceticismo e o agnosticismo começaram a divulgar a
futilidade desses cultos o caminho estava preparado para novas formas de
religião.
A Judéia fazia parte da província da Síria e Jerusalém
estava dividida em partidos religiosos.
Os saduceus eram um grupo elitista liderado por sacerdotes,
que tinham por contraposição outro grupo, os Zelotes, que ideologicamente se
embasavam no apocalipsismo e almejavam a libertação da Palestina.
O principal grupo de todas essas subdivisões religiosas era
os fariseus, que em suma obtinham o caráter reformista rigoroso no seguimento
da Torá.
Jesus nasceu pouco antes do séc IV ano em que Herodes morreu,
sendo que seu reino foi dividido entre seus três filhos.
Unidos religiosa e culturalmente, depois de inúmeras deportações
que deram inicio a diáspora judaica, o judaísmo se tornou em um movimento
missionário, que propagava como dogma o monoteísmo ético.
Já na época de cristo o império sofreu varias influencias
antisemitas, visto que os judeus mantinham a etnia com suas peculiaridades
separatistas.
O centro da doutrina de cristo Jesus era o reino de Deus que
seria consumado com a sua volta, essa afirmação da plenitude dos tempos nutria
a esperança da primeira comunidade de cristãos que ansiava pelo inicio dessa
nova era com uma mudança social.
Liderada por Tiago, irmão de Jesus, a comunidade de
Jerusalém, que categoricamente era apocalíptica, ou seja, judaico-cristã,
obtinha características relevantes de “envio”, com o objetivo de batizar para
estabelecer o preparo catequético, integrando o individuo á igreja.
Essa comunidade cumpria a lei e obedecia a prescrição
levítica de pureza, participava ativamente no templo e frequentava as
sinagogas. Como seguimento praticavam refeições paralelas aos cultos, se
expressavam comumente através da oração do Pai-nosso e exerciam o jejum.
Todavia surgiram diferenças entre a comunidade de Jerusalém
e a comunidade judaica, determinantemente “o dia do Senhor” celebrado no
domingo pelos os cristãos e a transferência do dia do jejum eram as mais
representativas.
Os denominados Helenistas acresciam o grupo de Jerusalém com
dedicação a missão entre os gentios.
O desenvolvimento da mensagem evangelística pelo mundo
helenista-romano deu-se através de Paulo, que percebia nessa amplitude a
eliminação da lei e uma nova compreensão escatológica.
De acordo com a comunidade de Jerusalém os cristãos gentios
deviriam ser circuncidados e seguir os ritos de purificação, os helenistas
asseveraram sua contraposição a essas requisições.
No concílio de Jerusalém foram formulados comunicados que
eram constituídos das decisões apostólicas gerais que liberava os cristãos da
circuncisão, mas evidenciava o manutenção do celibatário antes do casamento e a
proibição do consumo de carne sacrificada.
Por ser toda a carne comercializada oferecida a
divindades muitos pertencentes a
comunidade de Jerusalém exigiam a eliminação do consumo de carne pelos gentios,
todavia Paulo liberou a ingestão de carne limitando essa liberdade quando fosse
motivo de escândalo.
A nova compreensão escatológica onde Paulo alega que a
salvação já ocorreu e que a mesma é presente, foi o padrão usado por ele na
pregação anunciada aos gentios.
Os conflitos da comunidade de Jerusalém alcançaram o fim
quando uma catástrofe terminou com o estado judeu, no entanto a comunidade se
refugiou na Tranjordânia onde logo após passou a inexistir.
As comunidades gentílico-cristãs posteriores a Paulo possuem
fontes extras testamentárias, podendo ser classificadas em: escritos
neotestamentários, os pais apostólicos e os evangelhos apócrifos.
Na carta de clemente há exortações quanto insubmissão de
jovens aos mais velhos, já nas epistolas de Inácio há a defesa do episcopado
monárquico. Policarpo dirige sua carta a comunidade de Filipos. Outra fonte é o
tratado escrito por um mestre gentílico cristão atribuído a Barnabé fazendo
interpretações alegóricas do Antigo testamento.
Didaquê ou doutrina dos doze apóstolos aborda a constituição
eclesiástica que evidencia a fé cristã e sua proximidade com o judaísmo, bem
como prescrições para a vida cúltica no tocante ao batismo, o jejum, a oração e
eucaristia.
Por sua vez a segunda carta de clemente sendo em verdade uma
homilia escrita por um presbítero apresentam citações de palavras de Jesus.
O escrito apocalíptico que tem por autor um leigo católico
denominado Hermas está dividido em doze mandamentos e dez descrições.
O futuro da fé cristã era o cristianismo gentio tendo por
constatação definitiva o desaparecimento do entusiasmo cristão primitivo.
Quanto mais a supressão do espírito era evidente mais a ação
do episcopado e diaconia eram presentes, surgindo então o episcopado
monárquico.
A função do bispo monárquico e do presbítero eram
justapostas, sendo o presbítero suplente do bispo nos cultos.
Hierarquicamente o diácono era subordinado ao presbítero,
sendo suas funções as mais importantes.
Entretanto a passagem de supervisor para bispo monárquico
gerou insatisfações obtendo pós e contras e dando inicio a formação da igreja
clerical.
O culto também foi institucionalizado estabelecendo adsorção
de costumes, a comunidade cristã passou a ter duas distintas reuniões
celebradas no domingo “dia do Senhor” como oposição ao sábado judeu, ou também
em dias semanais, sendo um culto de pregação antes do nascer do sol e um culto
eucarístico á noite com orações livres.
No tocante aos conteúdos da fé houve fixações literárias da
tradição evangélica, a coleção das cartas paulinas e afirmação de confissões
básicas de fé.
A redação dos evangelhos sinóticos (Mateus, Marcos e Lucas)
e João que foi considerado próximo ao agnosticismo, como também diversos outros
que posteriormente foram considerados
apócrifos e o apocalipse de João e Pedro que foi influenciado pela piedade
judaica demonstraram que as concepções religiosas eram voltadas para fé em cristo.
A ética cristã começou a se envolver com a pratica da
penitencia, surgindo diferenciações entre pecados perdoáveis e imperdoáveis, a
pratica acética abrangia o jejum e a abstinência da carne.
O expansionismo da fé cristã suscitou uma mudança de estrutura,
porquanto a fé havia adentrado em todas a camadas sociais.
Muitos se converteram, todavia não abnegaram de suas
profissões ocasionando conflitos sendo uma questão fundamental da fé cristã.
As comunidades não eram estabelecidas em locais fixos, levando
a reuniões a casas particulares, não obstante á partir do séc. III com o
crescimento das comunidades e o surgimento de uma de uma hierarquia sacerdotal
as reuniões passaram a obter locais destinados, na tentativa de separação do
santo e do profano.
A gnose era uma corrente filosófica ou doutrina de salvação
que se baseava em revelações espirituais, visto que o mundo onde penetrou o
cristianismo o misticismo era potente, esses tipos de manifestações eram
normais, todavia esse movimento gnóstico criou uma fé cristã que incluía a
sabedoria e fé, tornando as práticas cristãs em seitas gnósticas.
Outro confronto para a igreja foi o armador Marcião , filho
de um bispo, expulso de uma congregação
alegava que o Javé dos judeus era
imperfeito, contrapondo o Deus que se revelou em cristo defendo a mensagem
divina segundo a lei do amor, suas arguições geraram uma coleção de escritos.
Esse cânone de Marcião obviamente acelerou a criação do
cânone neotestamentário a qual a igreja usufruía como norma de ensino e doutrina.
Outro movimento que redarguiu a institucionalização da
Igreja foi o Montanismo, liderado pó Montanus, o qual com o termino de seu
batismo entrou e m êxtase e começou a falar em línguas, dizendo ser portador de
uma segunda revelação que findaria toda a atividade profética.
Cipriano bispo de Catargo levantou uma tese que posicionou
muitas discussões, partindo do ideal que o episcopado monárquico era uma
instituição de Jesus.
Partindo de uma alteridade para analisar o novo testamento
muitos tradutores supõem que as mulheres citadas nas cartas paulinas eram
coadjutoras de Paulo, não admitindo o exercício missionário das mulheres,
entretanto o apostolo Paulo trabalhou justaposto as mesmas reconhecendo a
autoridade que obtinham.
Não obstante o cristianismo primitivo primariamente não era
um movimento patriarcal, nenhum dos evangelistas negativisaram as palavras de
Jesus acerca da mulher, tanto que o movimento renovador de Cristo era
considerado herético, porém constata-se que redações dos evangelhos estavam
submetidas ao sistema patrilinear porquanto o mundo estava restrito a essa
regra.
Os relatos neotestámentarios foram previamente selecionados,
onde os autores optaram pelas tradições, transparecendo a vocação como
idoneidade propriamente masculina.
Os códigos de reprodução neotestamentária evidenciam a
alteração de todas as passagens que vislumbram a atividade feminina.
Existem inúmeras fontes que ratificam que a questão feminina
era alvo de discussões acelerando o processo patriarcal da Igreja, no entanto a
marginalização da mulher crescia concomitantemente com as comunidades e com
patriarcalismo eclesiástico.
A fé e a filosofia foram conflituosas, todavia muitos
apologetas aderiram a filosofia positivamente a cristologia, após a elaboração
de teses por alguns intelectuais cristãos a igreja assumiu muitos elementos da
cultura helenista que foi aspiradas pela
veracidade cristã.
Em sua iniciação, a fé cristã não contrapôs as autoridades,
contudo não prestavam expressões de fidelidade ao Estado prestando culto ao
imperador, tendo conflitos por não atenderem a essa requisição, sofrendo o
antagonismo do imperadores como Nero, o mais violento de todos.
Desde a destruição de Jerusalém os cristãos não eram mais
considerados como uma seita judaica, sendo alvo de perseguições, levando alguns
ao enfraquecimento, servindo e reconhecendo o imperador como ‘senhor e Deus”
forçosamente.
O sincretismo, agnosticismo e cultos de mistérios eram
aclamados no império, com a crise do império e o imperador Valeriano através de
editos estabeleceu Mithras “o deus sol “ como deus do Estado romano.
Quando Constantino assumiu o poder a Igreja iniciou uma nova
era e proporcionou a igreja o direito de cultuar e admitiu a divindade cristã
usufruindo da cruz transpassada por uma espada como amuleto.
A adoção da filosofia grega pelo cristianismo forçou os
cristãos a fazerem formulações dogmáticas levando o imperador à por fim as
questões a respeito da trindade excomungando todos aqueles que aderissem outra
costume e afirmação de fé.
Constantino pôs fim a Antiguidade intervindo na igreja
evitando sua extinção.
A igreja Estatal
através do bispo fanatizou o povo ,quando governou Teodosio a Igreja se
tornou uma igreja imperial proibindo o paganismo, todavia a autonomia das
comunidades cristãs se perdeu sendo tutelados pelos bispos e pelo estado.
Os primórdios do papado segundo a tradição católica e
atribuído a Pedro o apostolo, mas a designação papal todavia foi instituída
pelo bispo Damaso de Roma, quando o imperador Graciano decretou a autoridade
eclesiástica e jurídica do bispo de Roma.
Até o séc. II os romanos mantiveram a distancia os povos de
origem Germânica, todavia conseguiram adentrar as fronteiras e sob os ataques
dos hunos o desmoronamento do império ocidental Romano começo a se
materializar.
As formas de vida cristã não eram muitos fluentes,
entretanto na tentativa pedagógica da igreja em viabilizar meios visíveis de fé
que mantivessem o povo consentiu o uso de relíquia na realização de milagres.
Quando a ascesse e a
meditação dominou os cristãos piedosos a mulher passou aa personificar
santidade.
A vida monástica se instituiu com a finalidade de
santificação e separação do mundo profano, levantando grandes mestres da Igreja
Latina .
Jerônimo por excelência participante desse rol de doutores
da Igreja concluindo a tradução da Septuaginta (LXX) para o latim, que ficou
conhecida como a vulgata.
Agostinho por sua vez proporcionou a igreja uma formação
teológica , como teólogo e filosofo desenvolveu a doutrina do pecado e da
graça.
Com relação à riqueza e a pobreza na Igreja Antiga, o mundo
era caracterizado por desigualdades sociais, as interpretações das palavras
Jesus é que especificam o quadro de
posicionamento da Igreja.
Alguns proclamaram divergências quanto a conciliação de
propriedades e vida cristã, outros teólogos em maioria alegavam que as riquezas
eram dádivas á serviço do reino de Deus e que os desníveis sociais eram vontade
dEle, tornando a propriedade privada direito constituído.
O final da historia da Igreja Antiga dá-se enquanto a dissolução do império ocidental
romano e a luta do estado oriental em manter a unidade da igreja sobressaindo
as rivalidades dogmáticas.
As provocações de Cirilo patriarca de Alexandria contra
Nestório bispo de Contantinopla, Nestório
contrapôs a teologia de Alexandria e Cirilo revidou com comentários
pejorativos e ambos requisitaram o bispo
de Roma para convocação de um sinódio, sendo o resultado o exílio de Nestório.
Uma nova discução Teológica surgiu , e o concilio de Éfeso
foi marcado para resolver as questões partidárias dos patriarcas, o resultado
foi o triunfo da teologia de Alexandria que afirmava que cristo não era
propriamente humano mas apenas aparentava ter aparência humana.
A ruptura política e eclesiástica entre oriente e ocidente
ocorreu com o fim do império, onde o imperador Justino fracassou em suas
tentativas de reunificação do império.
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