MCGRATH Alister. Origens Intelectuais da Reforma. Cultura Cristã; 1ª edição: 2019.
Segundo o pensamento da Idade
Média, a Igreja era a demonstração do poder de Deus na terra, portanto, quem
era excomungado estava exposto ao castigo divino. Lutero ao ser excluído da Eclésia romana em
1520, obtinha uma nova certeza de que tal fato não interferiria em sua
salvação.
A
nova concepção do reformador era que todo aquele que seguia a Cristo pertencia
a uma igreja invisível, que era segundo Lutero, permanente no coração dos
fiéis, os quais poderiam por direito exercer o sacerdócio universal. Todavia
Lutero reconhecia a Igreja romana como parte dessa Igreja na terra.
Ao
defender suas 95 teses, Lutero reforça a autoridade temporal da Igreja,
admitindo a carência de se obedecer a seu poder. Baseando - se nos escritos de
São Bernardo e de São Francisco, Lutero afirma que o caráter da Igreja é
servir, sendo assim, a comunidade deve se dispor em ajudar os mecanismos
humanos de ordem social como o estado.
A
posteriori, o discurso de Lutero gira em torno da seguinte questão: “Como
identificar os membros da Igreja invisível?”. A resposta
iminente dessa questão envolve de duas ações, que consistem no batismo e o
evangelho. Mais especificamente, pelo que explica Lutero, se existem
manifestações do evangelho e dos sacramentos em um determinado ambiente, ali há
uma comunidade cristã, portanto naquele cenário existe a igreja.
Logo,
refutava Martinho o poder abusivo da Igreja romana, afirmando ser contraria a
palavra o exclusivismo ministerial propagado por Roma.
Todavia,
Lutero admitia a intervenção de líderes eclesiásticos, formando um conceito de
que a missão foi delegada a especificas pessoas as quais devem exercer o
sacerdócio com desapego de poder. Considerava ainda o reformador, uma
assembleia para o auxilio das decisões da igreja, constituídas por poderes
temporais e eclesiásticos, que seriam delegadas dessa conjuntura.
A análise estrutural de Lutero
está focada nas funções dos componentes dessas assembleias que obteriam por
função viabilizar a pregação do evangelho, formando posteriormente grupos
locais que emancipados se tornariam paróquias.
As
revoltas de cunho social advindas do pretexto da Reforma impulsionaram Lutero a
avaliar a Igreja como praticante da fraternidade; causando-lhe profundo
descontentamento ao ver amotinações de disputa de poder se camuflar na suposta
“iluminação” espiritual proporcionada pelos pensamentos do reformista.
O
reformador visava permitir que todos ouvissem a palavra de Deus, a estrutura da
igreja, mediante ao que afirma Marinho viria segundo a vontade de Cristo.
Melanchton,
mesmo influenciado por Lutero, evitou admitir comparações da Igreja com
qualquer instituição, admitindo-a como administradora dos bens que revela a
graça do Senhor.
Para
Zwínglio, que comunga com Lutero, a Igreja se constitui na reunião dos fieis,
alegando, porém que Deus se dá a conhecer apenas a quem deseja. À medida que
aborda o assunto Zwínglio declara que a bíblia é um instrumento de organização
social, delegando a comunidade de fé o poder de julgar e educar segundo seus
padrões.
Tal
concepção de Zwínglio de estender o sistema organizacional que formatou ao
social levou-o a estabelecer interligações entre direito e a moral cristã,
difundindo idéias teocráticas, causando em fim serias divergências com Lutero.
Da primeira geração de reformadores, Bucer é o que mais se apega as
questões clericais. A situação a qual estava inserido levou o pensador de
Estraburgo a discursar sobre problemas iminentes entre Igreja e Estado.
Temendo
a deturpação da nova ordem estabelecida na religião, risco constante devido a
ações de devidos grupos como os anabatistas e os espiritualistas que se opunham
ao ideal de Estado cristão aderido por Bucer.
Para
respaldar teoricamente o que defendia, Bucer descreve sua concepção de igreja
como um mecanismo administrativo da graça de Deus, baseando-se no Evangelho
segundo São Mateus e na Epístola de Romanos. Sua proposta gira em torno da
Igreja como órgão educador equipado com poder que visa proclamar Cristo.
Melanchton
confirmava em seu ideal a mensagem como doutrina, que deve segundo ele, ser
formulada pelos magistrados que são determinados membros da Igreja.
Nota-se
que tanto Lutero, quanto Calvino e Bucer, por muitas vezes comungam com os
ideais de Melanchton.
Calvino
reconhece a igreja como o ajuntamento dos eleitos que deve promover a ajuda mútua,
que carece possuir regras e características de uma comunidade religiosa.
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