
BERGER,
Peter Ludwig. O Dossel Sagrado: elementos
para uma teoria sociológica da religião. São Paulo: Edições Paulinas, 1985.
Coleção Sociologia e Religião, vol. 2.
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O tema religião é discutido em O
DOSSEL SAGRADO, sob a ótica sociológica. Questões
sociais são abordadas com riqueza de exemplos históricos e fatos contemporâneos.
Muitos autores são citados por Peter Ludwig Berger, dentre os quais alguns
sociólogos, historiadores, políticos e teólogos. Embora o autor se dedique mais
às religiões ocidentais, as demais religiões são discutidas em um mesmo nível.
O livro parte do fenômeno humano de crer
desde em si próprio até a criação de divindades. Discute também o percurso das
igrejas na história e as implicações sociais e políticas que fizeram parte das
mesmas.
Interessante a forma de estudo que
precisa entender o homem para entender a religião. Na história da sociedade,
vê-se mais a ação do homem legitimada por princípios religiosos do que uma real
intervenção divina. Assim o livro tenta responsabilizar o homem por seus fatos
sem também culpar a Deus ou ignorar a necessidade humana de crer no divino.
Na conclusão do trabalho é apresentada
uma apreciação sobre a leitura, bem como a relevância da mesma para a o
trabalho cotidiano na comunidade.
Discernir o que é humano e o que é
espiritual na história torna-se um desafio de estudo sociológico. Não
histórico, porque se limitaria a fatos e nem teológico porque partiria do
princípio espiritual. A exemplo do apóstolo Paulo quando dizia “isso digo eu e não o Senhor” com
humildade para assumir suas decisões, urge a necessidade de aprender a fazer
essa separação.
Também é difícil julgar outros povos
como pagãos quando entendemos que o fenômeno religioso manifestado neles é
fruto de um processo criado por Deus. Isso me refere ao que o autor descreve ao
falar sobre subjetivação, interiorização, objetivação e exteriorização. Deste modo todas as crenças são naturais de
manifestações humanas.
O perigo de divinizar ou demonizar
costumes ou instituições é facilmente evitado quando entendemos que tudo que
acontece é mais humano do que espiritual. A legitimação de princípios ou
personagens pode ser considerada um crime contra a liberdade de expressão.
Todos são livres para subjetivar seus mundos, interiorizá-los, objetivá-los e
exteriorizá-los. Querer que outro interiorize o que objetivei é como impedi-lo
de viver o que deseja ser.
No meio religioso há uma corrente busca
de respostas. Quem tem mais respostas, tem mais fiéis. Dessa forma a teodicéia
é trabalhada no meio sócio-religioso de forma que ilude as pessoas com
respostas que ninguém tem. Na verdade existem perguntas que não têm respostas.
Assumir isso não é motivo de falta de fé.
A igreja precisa ter o cuidado de não
alienar as pessoas do mundo que as cerca. Negar o humano, mesmo com a tentativa
de alcançar o divino é expor-se à grande queda. Uma verdadeira fé não teme ser
exposta a outras pessoas. O tempo de repressão das expressões pessoais já foi
vencido e hoje é preciso aprender conviver com as diferenças para não inibir o
próximo.
A secularização tem o caráter positivo
de trazer o homem de volta à terra e deixar Deus ser o Senhor lá do céu e sobre
a terra. Os papéis estavam invertidos, o homem se sentiu divino e muitas coisas
terrenas foram espiritualizadas.
Em nossas comunidades de fé precisamos
aprender a respeitar as expressões pessoais de fé dos nossos irmãos para
fortalecer os laços sociais da família cristã. Humildade para reconhecer os
limites dando repostas sinceras ao povo sem a preocupação de perder uma postura
espiritual que não é própria do homem. Também as exigências de santidade
precisam deixar o nível sobre-humano.
Creio que o desejo de Jesus para sua
igreja no âmbito social foi muito bem descrito ao ensinar a sermos “sal da terra e luz do mundo”. A igreja
precisa aprender a objetivar seus sonhos e exteriorizar melhor sua fé. Deste
modo outros verão e como na comunidade primitiva cairemos na simpatia do povo
que naturalmente interiorizará o que cremos.
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