Manto de Cristo - Lloyd C. Douglas

O Manto de Cristo é um romance histórico e religioso escrito por Lloyd C. Douglas , publicado originalmente em 1942. A obra gira em torno de Marcellus Gallio , um jovem centurião romano que  por punição política, é enviado à Palestina. Lá, ele participa da crucificação de Jesus e, por acaso, ganha sua túnica em um jogo de dados. A partir desse momento, Marcellus começa a sofrer crises emocionais e espirituais, sentindo-se profundamente perturbado pelo que presenciou e pelo estranho poder que o manto parece exercer sobre ele. Enquanto Marcellus tenta compreender o significado do manto e lida com uma crescente crise de fé e identidade. Ao longo do caminho, ele encontra personagens marcantes e é confrontado com os valores do cristianismo nascente, em contraste com os costumes decadentes do Império Romano. Movido por uma inquietação crescente, ele parte em uma jornada para descobrir quem foi Jesus. Ao lado de seu escravo e amigo Demétrio , Marcellus encontra discípulos e se...

Autoridade Pastoral - Bill Lawrence

livro autoridade pastoral Bill Lawrence

AUTORIDADE PASTORAL: Servindo a Deus Liderando o Rebanho. William Laurence, traduzido por Tirza Pinto. Publicado pela Editora Vida, São Paulo, 2002. 260 páginas.

Muitas são as responsabilidades confiadas por Deus ao pastor e a autoridade é ferramenta dada pelo Senhor para tão grande missão. Contudo o pastor não tem autoridade em si mesmo, deve depender e buscar em Deus.
Ao subir aos céus Jesus declarou que toda autoridade lhe foi dada, então o pastor precisa buscar autoridade de Cristo e pode fazer isso imitando Jesus. O caráter do pastor confirma a sua autoridade. As ovelhas precisam sentir a presença de Jesus na vida do pastor, mesmo que isso também provoque as perseguições que Jesus enfrentou.
Também através do que o pastor faz ele conquista autoridade. Pelo modo de agir, trabalhar, conversar, planejar e organizar a igreja autoridade é estabelecida. A motivação do pastor deve ser educar e ensinar as ovelhas, aquelas que forem submissas a Cristo também serão ao pastor.
O poder de Deus na vida do pastor o leva a ser humildade e dependente de Cristo. A autoridade de Jesus foi confirmada na cruz e sua recompensa foi a ressurreição.

1 A vida devocional do pastor

A vida de intimidade com Deus através da oração e leitura da palavra é a base do pastorado. O caráter precisa ser moldado por Cristo e para isso é preciso confessar os pecados e passar tempo com Deus em oração.
Uma mentalidade deficitária não consegue reconhecer o pecado que mina a vida espiritual e limita a visão do Reino de Deus. Uma mentalidade abundante deve ser buscada por pastores e líderes muito mais do que o sucesso na realização de programações. A dependência unicamente de Cristo para tudo é a principal base e sustento de uma pessoa com mentalidade abundante. Nesta ampla visão o sucesso torna-se apenas uma consequência da vida com Cristo e por isso tudo se torna para a glória de Deus.
Um grande risco que atinge muitos líderes é o endurecimento do coração, descrito como uma doença. Os sintomas são conhecidos quando o líder passa a confiar em seus recursos e opiniões mais do que depender de Deus. A lição dada por Jesus nos capítulos 6 a 8 de Marcos explicam isso. Jesus começa realizando grandes milagres e usando seus discípulos para fazer estes sinais, mostrando-lhes o seu poder através de cinco pães e dois peixes um grande milagre aconteceu para ensinar a suficiência de Deus sobre a carência humana, contudo os discípulos não entenderam que Jesus não falava de pão ou fome material, mas sim de coração e carência espiritual.
Esta lição mostra aos líderes que embora vendo as maravilhas de Deus, são suscetíveis ao endurecimento do coração, caso não percebam sua dependência Divina diante dos desafios da vida.
Um bom líder deve saber usar bem as mãos a cabeça e o coração. As mãos significam ser ativo, a cabeça o ser pensativo e o coração ser sensível. A doença do líder pode ser descoberta por não usar o coração e os sintomas são quatro:
Primeiro, o carreirismo marcado por ambição egoísta e competição vergonhosa. Algo que acontecia com os discípulos quando disputavam quem seria o primeiro no Reino dos céus.
Segundo uso desavergonhado do poder. Uma tentação para o líder diante das suas decisões e desejo de ser o melhor destacado como os discípulos que pediram para se assentar à direita e à esquerda no Reino dos céus.
Terceiro arrogância insensível, diante da ceia os discípulos não pareciam entender ou estar preocupados com o significado do que estava sendo realizado com tamanha dor pelo mestre. Assim também o líder com coração endurecido muitas vezes não se compadece diante de momentos cruciais de seu ministério.
Quarto autoconfiança cega. Como Pedro confiava em si de não trair Jesus o líder que se baseia em seu querer e opinião nega a Cristo embora não veja o que de tão sério está fazendo.

Marcos ao escrever o evangelho ensinava os cristãos perseguidos de Roma a confiar em Jesus, mesmo se precisar enfrentar a cruz, porém crendo na ressurreição. Este é o remédio para curar a dureza de coração do líder. Enfrentar a cruz leva a crer na vida eterna em Cristo e não confiar em si mesmo. Diante da cruz somos impotentes e precisamos apenas depender do poder de Deus.

2 Ênfase no discipulado

O pastor deve fazer discípulos capazes de se multiplicar conquistando outros. A igreja precisa estar estruturada para ganhar almas, mas precisa depender unicamente da presença e do poder de Cristo para cumprir sua missão.
A igreja pertence a Cristo que a comprou com seu sangue. Na grande comissão Jesus deixou claro o propósito da igreja de pregar, batizar e ensinar em seu nome. Para isso precisa sair de si mesma e buscar os perdidos no mundo.
Muitas vezes a igreja se concentra e se limita a seus membros ou familiares deixando com isso de anunciar o evangelho aos que estão longe de Cristo. Isso aconteceu na Igreja de Jerusalém e foi preciso uma perseguição para conduzi-los a outros povos. Já em Antioquia foi diferente, a igreja anunciava o evangelho pela vizinhança e arredores conquistando a sociedade.
Para ir por todo o mundo é necessário receber de Cristo sua autoridade sobre o que é terreno e o que é celestial. A autoridade de Jesus é que capacita para a Missão. O compromisso de Jesus é estar com a Igreja todos os dias.
A estratégia de Jesus para sua igreja foi o discipulado. Para discipular é preciso ter intenção, vontade de conquistar as almas, identificação com Cristo e o povo de Deus para conduzir as vidas para a casa de Deus e instrução para como Jesus ensinar a Palavra de Deus de forma a alimentar espiritualmente as almas.

3 O serviço ministerial do pastor

O objetivo do pastorado não é apenas atender a emergências e solicitações e sim obedecer ao propósito para o qual foi chamado por Deus.
O propósito do pastor deve seguir o propósito da Igreja que é glorificar a Deus e fazer discípulos. Quando Jesus subiu aos céus nas alturas enviou seu Espírito para conduzir a igreja dando a cada crente um dom e ministério. O dom de pastorear também é um ministério concedido pela graça de Deus e somente através da graça o pastor poder preparar (katartizõ) as vidas como pescadores que limpam suas redes para continuar a pescar restaurando os santos de qualquer pecado ou religando um osso quebrado. Os líderes devem ser desenvolvidos em competência e em caráter o que acontece com o passar do tempo.
Ser um pastor com estas características só é possível através de Jesus Cristo o supremo pastor que chama e capacita para esta obra maravilhosa.
Um dos maiores desafios do pastoreio é conviver com pessoas de temperamento difícil e falhas de caráter. Jesus também conviveu com pessoas assim. A forma que Jesus escolheu para liderar pessoas foi servindo-as. Quando Jesus lavou os pés de seus discípulos e ordenou que lavassem os pés uns dos outros estava ensinando como liderar.
Naquele momento Jesus estava demonstrando seu amor através de um simples gesto. Como Pedro não aceitou o gesto de Jesus e depois se extremou querendo ser banhado, essa insegurança impede a manifestação do amor em muitos líderes. Jesus não tinha medo de amar porque sabia que possuía o verdadeiro poder, que vinha do Pai e qual era o seu destino.
Servir é o segredo da liderança. A autoridade não é alcançada através de força e sim do amor. Quando o liderado é servido pelo líder se sente conquistado por este. O poder e a autoridade vêm de Deus para o líder e deve ser usado através do serviço.
Lavar os pés também é um ato de purificação. Jesus queria mostras para os líderes de sua Igreja que precisavam estar limpos e limpar os pés uns dos outros. Por isso o líder tem a tarefa de confrontar o pecado.
O maior exemplo de liderança servil foi dado por Jesus, mostrando seu amor e concedendo sua bênção aos que lhe obedecem bem como tolerando os fracos.
O poder de Deus não é dominador e sim libertador para a verdade. Muitas vezes é preciso confrontar as pessoas, mas não domina-las nem ser dominado por elas. É preciso ser verdadeiro mesmo que isso não seja agradável.

4 Relacionamento entre liderança e pastor

A liderança da igreja também tem autoridade diferente da pastoral, mas juntos e submissos a Cristo devem conduzir a obra de Deus. O pastor se submete à liderança e a liderança se submete ao pastor e ambos se submetem a Cristo e as ovelhas aprenderão a obedecer a Cristo, ao pastor e à liderança.
O pastor precisa desenvolver a confiança em sua diretoria, quando há confiança o trabalho acontece com muita tranquilidade. Pastor e liderança precisam amar a Deus trabalhando juntos, construir sua relação sobre a Bíblia, se comprometer a servir, confiar o ministério aos santos, concentrar suas reuniões em Deus e servir juntos. As tarefas mais difíceis devem ser feitas pela liderança e pastor juntos.
O caráter do pastor é observado por todos, por isso precisa trabalhar seu caráter, sendo humilde, pedindo ajuda e melhorando a cada dia. Conquistar a confiança dos seus líderes ajuda o pastor a ser competente no que faz em seus relacionamentos, no serviço e na administração. Algumas ações como ser pontual, cumprir promessas, concluir o que começou, ser gentil e generoso dizendo um simples ‘por favor’ e ‘obrigado’, passando tempo junto com os líderes, concentrados no propósito e estimulando memórias de fé, são atos que conquistam as pessoas.
Aproveitar o tempo é uma solução para evitar problemas. Uma diretoria que se ocupa apenas com emergências e incêndios não tem tempo par planejar, estudar e orar sob o propósito de Deus. Para isso é preciso organização focada no propósito e não apenas no que é importante e urgente ou não.
Agir com um propósito leva a igreja a não só aproveitar como multiplicar tempo. Os ministérios e lideranças têm um valor universal que os faz se unirem em torno de um valor central baseado na Palavra de Deus. A visão dada por Deus à igreja deve ser esclarecida e vivida por seus ministérios efetivos e a liderança estar unida e centrada num propósito estabelecido, tendo discernimento e base bíblica.
O pastor ajuda a liderança, mas não pode pensar por ela, o importante é orar, pensar e discutir juntos para que a liderança aprenda a seguir padrões bíblicos que centralizem as agendas e reuniões em Cristo.
Escolher alguém para ocupar um cargo na igreja é uma tarefa difícil e deve ser feita com cuidado par evitar problemas futuros. Sabendo qual é a função a ser ocupada, qual o desafio e então iniciar um processo de busca por alguém que se encaixe nas necessidades da comunidade.

5 Visão e planejamento

A visão leva o pastor a lutar contra o vácuo de viver sem propósito e buscar uma visão de Deus para a igreja. A visão é uma imagem do futuro que guia para um propósito. Se o pastor for um visionário, comunicativo, persistente, fortalecedor e organizador a igreja enxerga a visão.
As características da visão são enxergar o futuro, centrada no propósito, impulsionada pela necessidade, realista à luz dos recursos disponíveis, motiva os outros e capacita os seguidores. A visão produz resultados. Fornece o foco e direção para o ministério, motiva as pessoas a confiar em Deus, unifica o grupo, mede o progresso e ajuda a tomar decisões.
Um visionário é alguém que fala sobre a visão e a realiza. Um pastor visionário é o iniciador e fomentador da visão de Deus à luz de sua Palavra. A visão responde a algumas perguntas: para onde se está indo, quem está guiando e como chegar lá.
A visão é desenvolvida primeiramente com oração, leitura da Bíblia, ver a comunidade ao redor, analisar os recursos, olhar para si mesmo e especialmente olhar para Deus. Então a visão pode ser desenvolvida, mas a antes deve ser definida, as pessoas devem se apossar da visão. O pastor declara a visão de forma planejada, comunicando-a com oração, de forma estruturada com avaliações e atualização contínua.
Deus tem um plano par sua igreja e o líder deve descobrir investindo para que a comunidade possa seguir este plano. Há vários exemplos Bíblicos para isso. As pessoas não planejam porque não sabem para aonde vão e nem onde estão no caminho, iniciam muitas tarefas e concluem poucas ou nenhuma. Não se comprometem, não estão dispostas a pagar o preço e têm deficiências de caráter.
O planejamento precisa ser buscado em profunda dependência de Deus. O líder deve aprender a obedecer a Deus sabendo que o propósito primeiro de Deus é o amor ao próximo. Isso ensina a humildade e dependência de Cristo. É indispensável a disposição para cumprir o plano proposto da melhor forma possível se responsabilizando pelos resultados.
As mudanças são importantes e necessárias ao realizar a obra de Deus. Contudo representam riscos se não for bem administrada. O pastor se prepara para a mudança a ser estabelecida primeiramente em oração, depois sabendo para onde quer ir, porque é melhor ir do que ficar onde está, como vai chegar ao estado almejado e quem irá conduzir o plano.
Antes de realizar uma mudança é preciso saber a época oportuna para isso e o tempo necessário para não parar o processo ou atrapalhar outros projetos ferindo pessoas. Um novo desafio não deve ser proposto antes de alcançar a confiança das pessoas, especialmente dos líderes que precisam ser valorizados pelo pastor.

O autor demonstra ser alguém de muita experiência no pastorado, principalmente por não ignorar os erros e desafios pelo caminho. Sem dúvida é uma leitura recomendável a todos pastores pela praticidade e clareza.
O trabalho de um pastor é comparado ao de escultores que visualizam em uma pedra bruta uma linda obra de arte e através desta visão são motivados a começar a esculpir. Contudo a própria alma do pastor precisa ser esculpida por Cristo para quer corações endurecidos possam ver a beleza do evangelho e permitir serem trabalhadas pela ferramenta de Deus: a cruz.

    

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