Manto de Cristo - Lloyd C. Douglas

O Manto de Cristo é um romance histórico e religioso escrito por Lloyd C. Douglas , publicado originalmente em 1942. A obra gira em torno de Marcellus Gallio , um jovem centurião romano que  por punição política, é enviado à Palestina. Lá, ele participa da crucificação de Jesus e, por acaso, ganha sua túnica em um jogo de dados. A partir desse momento, Marcellus começa a sofrer crises emocionais e espirituais, sentindo-se profundamente perturbado pelo que presenciou e pelo estranho poder que o manto parece exercer sobre ele. Enquanto Marcellus tenta compreender o significado do manto e lida com uma crescente crise de fé e identidade. Ao longo do caminho, ele encontra personagens marcantes e é confrontado com os valores do cristianismo nascente, em contraste com os costumes decadentes do Império Romano. Movido por uma inquietação crescente, ele parte em uma jornada para descobrir quem foi Jesus. Ao lado de seu escravo e amigo Demétrio , Marcellus encontra discípulos e se...

A arte de pensar - Pascal Ide

 pascal ide a arte de pensar

IDE,Pascal. "A arte de pensar". Trad. Paulo Neves São Paulo: Martins Fontes,200.

Em sua obra A ARTE DE PENSAR, Pascal Ide traz um desafio ao pensamento humano: refletir sobre sua própria inteligência e raciocínio.

Para um leitor não habituado a este tipo de texto torna-se difícil a compreensão sendo necessária diversas leituras e o apoio de outros materiais de pesquisa como um bom dicionário. Contudo o autor se esforça por ajudar o leitor apresentando primeiramente em sua tese um sumário com as ‘palavras chaves’ a serem utilizadas em seu trabalho e ao final de cada capítulo uma série de exercícios que conduzem o leitor á prática de suas teorias.

O livro é introduzido com o discurso dos métodos onde o autor trabalha os conceitos do filósofo francês René Descartes discutindo as quatro leis do pensamento universal consideradas pelo mesmo. A primeira lei orienta PROCEDER DO CONHECIDO AO DESCONHECIDO, ou seja, começar sempre por onde já se está habituado para depois partir para o novo. A segunda lei afirma que A INTELIGÊNCIA VAI DO MAIS UNIVERSAL AO MAIS PARTICULAR, sendo universal aquilo que é conhecido ou percebível e particular tudo que é desconhecido ou procurado. A terceira lei fala da INTELIGÊNCIA EM TRÊS ATOS, a intuição, o juízo e o raciocínio ou definir, enunciar e argumentar, conceituando-os respectivamente. A quarta lei declara: TAL OBJETO, TAL INTELIGÊNCIA combatendo o método único ou matemático defendido por Descartes e muitas vezes utilizado por muitos estudiosos que acabam se frustrando por chegar a um resultado errado por não ter pegado o caminho correto.

O primeiro capítulo disserta sobre o Nível de Leitura que pode ser direcionado às três grandes faculdades no ser humano: a inteligência, a vontade e a afetividade ou sensibilidade.  Um texto poder ser escrito dirigindo-se a uma destas três faculdades buscando uma reação correspondente. Um texto direcionado à inteligência conduz ao saber, se for direcionado à vontade leva ao mover-se em relação ao tema e se o texto for direcionado à sensibilidade induz o leitor a se comover ou sentir algo a respeito.

Baseado nisso pode-se perceber a importância de se auto-analisar antes de procurar um texto para ter consciência do nível de leitura que se deseja alcançar. Da mesma forma é possível ao ler um texto detectar qual nível de reação o autor tende alcançar no leitor.

Um bom texto poderia contemplar os três níveis, ou então apenas o nível desejado de forma clara para não confundir o leitor ou decepcioná-lo. Por exemplo, para se falar de ciência não é preciso comover o leitor, mas instruí-lo. Para divulgar uma mercadoria é preciso tentar mover o cliente a comprar convencendo-o de sua utilidade e necessidade do mesmo. E para falar dos sentimentos seria difícil utilizar conceitos ao invés de fazer sentir o que está sendo dito.  Entender os níveis de leitura ajuda o leitor a escolher um texto adequado á sua necessidade e principalmente a redigir um novo texto sabendo o nível que deseja alcançar.

O capítulo número dois, intitulado A PROBLEMÁTICA PROBLEMÁTICA, ensina como descobrir ou formular a tese de um texto a ser lido ou redigido de forma que ao ler é possível entender e aproveitar melhor a leitura e ao escrever ser mais claro e objetivo.

No terceiro capítulo, O RACIOCÍNIO: JUNTAR FEIXES OU CATAR ESPIGAS?  o autor disserta sobre a função e formas do raciocínio. Assim o raciocínio busca a causa ou origem, unifica as ideias, formaliza e evita os erros e é formado de diferentes proposições, premissas e termos ou conceitos, sendo o Termo Médio (TM abreviado pelo autor) o termo ou ideia que une o predicado e o sujeito da tese podendo ser considerado o raciocínio ou argumento principal.

Aristóteles denominou quatro tipos de raciocínios: o silogismo, a indução, a analogia e o entimema.

O silogismo foi considerado por Aristóteles o raciocínio mais perfeito. Silogismo é uma dedução que parte das leis mais universais formando conceitos universais. Apresenta a causa última de uma coisa. A problemática é demonstrada pela causa ao unir o predicado e o sujeito, associando três proposições, duas premissas e uma conclusão. O silogismo pode ser classificado por três espécies de figura. O de primeira figura demonstra todo tipo de proposição, o de segunda demonstra apenas ideias negativas e o de terceira figura só conclui em particular.

A indução é um tipo de pensamento que parte da análise de elementos particulares e tenta generalizar. Baseia-se experiências isoladas a partir desta faz o julgamento da tese. É o raciocínio mais frequente e complementa o silogismo porque permite encontrar provas específicas enumerando casos singulares.

O raciocínio por similitude ou analogia consiste em ilustrar por exemplos de histórias ou parábolas o que se deseja afirmar na tese. Embora não forneça a causa é eficaz em persuadir. A exposição é um tipo de analogia que provoca comparação da similitude de duas realidades para defender a tese dirigindo-se mais à imaginação e à afetividade dos que à razão. A analogia pode ser um complemento muito importante para a tese embora sozinho possa ser refutado facilmente por outra analogia.

O entimema é um tipo de raciocínio que se baseia em um sinal provável que gera um sentimento e convence sobre a tese utilizando também argumentos aceitos pela maioria das pessoas (lugar-comum). Uma teoria ou hipótese é formulada por um entimema, ou seja, parte de um sinal em busca da causa, uma tese.

O objetivo dos argumentos é convencer ou persuadir. Os pseudo-raciocínios ou raciocínios sofísticos não demonstram nem prova a tese. O raciocínio por acidente tenta comparar fatos ou conceitos do mesmo tema para associá-los, contudo sem concluir. O raciocino dialético faz um paralelo entre uma proposição e seu oposto argumentando sobre uma e outra sem dar uma certeza.

Cada tipo de raciocínio tem seu valor e lugar completando um ao outro se bem utilizados para defender uma tese.

Uma leitura muito diferente de qualquer texto acontece depois de conhecer estes tipos de raciocínios. É interessante notar como o apóstolo Paulo se utiliza destes métodos, talvez já conhecidos por ele, para defender suas teses. Um exemplo quase completo que me arrisco em citar é o capítulo 15 da primeira carta aos Coríntios, onde se dirige claramente à razão dos leitores, defendendo a tese de ser verdadeira a ressurreição dos mortos e argumenta com indução (v. 3-8), silogismos (v. 12-22) entimema (v. 9-11 e 29-34) e analogias (v. 35-44), combatendo insistentemente os pseudo-raciocínios.

Uma terrível descoberta acontece ao ler este livro: NÃO SABEMOS LER! A leitura superficial ou pior, o raciocínio superficial tornou-se um vício que precisa ser combatido tenazmente. Poderia classificar Pascal Ide como um clínico na área, o livro A ARTE DE PENSAR uma grande receita ou dieta, o exercício prático seria então o remédio para combater essa doença. Cabe ao paciente escolher se aceita o tratamento.


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