JOSGRILBERG, Rui e
REILY, D.A. Dons e Ministérios: fontes e desafios. Piracicaba: Agente da Missão,
1991(p.11-54)
A Igreja de
Jesus Cristo é fundamentada na Trindade, o maior exemplo de serviço e
solidariedade para com o próximo. Seguindo este exemplo, a Igreja existe para
servir e tudo que ela faz deve ser ministério.
O Espírito Santo
concede à Igreja os dons para o exercício de ministérios, o objetivo dos dons é
o serviço, então não existe ministério sem o dom. Estes carismas capacitam
pessoas diferentes para exercer ministérios diferenciados, num clima de
solidariedade e apoio mútuo.
Todos os
crentes, leigos (as), líderes, pastores (as), independente de idade, raça,
sexo, classe social ou nacionalidade, têm dons e ministérios com o objetivo de
se completarem e cuidarem uns dos outros como pastores. A Igreja existe para
servir.
O corpo de
Cristo continua o ministério de Jesus no mundo como presença do Deus encarnado
na terra, tendo a responsabilidade de falar suas palavras e fazer suas obras.
Como parte deste corpo a Igreja Metodista não se afirma sabedora de tudo, mas
situa-se numa caminhada, aprendendo e aplicando no dia-a-dia da missão.
O Deus trino e
missionário, fonte de todo bem e de todo o saber, é o maior exemplo de missão e
solidariedade. Criou o mundo e o deu ao homem e à mulher, continuou ajudando a
humanidade através do seu Espírito e de sua palavra e ainda veio viver e
conviver com o homem, morrendo pelo perdão de seus pecados.
Na adoração o
cristão entra em comunhão com este Deus Triúno, sendo envolvido pelo Espírito
solidário e o culto é o primeiro passo em direção ao serviço quando a pessoa se
entrega para Deus.
Os dons são
promessas de Deus e podem ser definidos com uma capacitação espiritual doada
gratuitamente pelo Espírito de Deus para edificação do corpo de Cristo. E os
ministérios são serviços realizados pela comunidade de fé, através dos dons
recebidos. O ministério de Cristo no mundo acontece através do povo de Deus em
diversos serviços.
No começo da
igreja havia a ampla compreensão por parte de todos os de que cada um deles
tinha um dom e ministério para exercer no mundo em nome de Jesus. Com o passar
dos anos a Igreja passou a ser institucionalizada e como consequência disso,
seus lideres restringiam os ministérios a poucos homens, excluindo mulheres e
outros homens, que embora tivesse dons não encontravam espaço nessa igreja
clerical.
A Igreja foi
muito perseguida nos três primeiros séculos, encontrando um período maior de
paz somente no final do terceiro século, então o centro dos cultos deixou de
ser nos lares dos cristãos para ser num templo ou casa dedicada para
cultos. Essa tranquilidade resultou em comodismo para muitos, entretanto surgiu
o monaquismo como um protesto contra o conformismo dos cristãos. Os monges e
monjas eram pessoas que tinham dons e queriam exercer ministérios, se
purificando através de disciplina e abnegação, vivendo uma vida separada no
deserto e sem nenhum luxo. O monaquismo contribuiu muito para a Igreja, embora
tenha limitado a ação missionária de centenas de pessoas cheias de carismas.
Durante a idade
média, a Igreja já tinha seus ministérios totalmente concentrados no claro e
este limitado a homens. Mulheres só encontravam vez nos conventos e nos
movimentos de protesto à hierarquia da Igreja que se fechava para os leigos,
não conseguindo atender as necessidades do povo. Contudo várias mulheres que
receberam o Carisma Divino não puderam ser contidas pelas regras da Igreja e
fizeram muito pela obra de Deus, tanto quanto ou mais que muitos homens.
Através da
reforma protestante, Martinho Lutero quis retornar as origens da Igreja de
Cristo, rompendo com o clero romano, ensinando que a Igreja é o povo de Deus,
que lhe presta e não assiste culto, podendo também compreende nas Escrituras e
pregar o evangelho, seja homem ou mulher.
Embora
incentivasse o serviço cristão para todos os leigos, Lutero não conseguiu se
livrar do tabu de uma comunidade leiga dirigida por um clérigo, mas ensinou a
doutrina bíblica do sacerdócio universal de todos os crentes e cria que todo
serviço ou profissão parte de uma vocação divina. A principal abertura foi para
o ministério feminino que na reforma, através do fim do celibato clerical, a
esposa do pastor passou a exercer um ministério vital para a igreja
protestante.
Quando surgiu o
movimento metodista o ministério leigo era um fator inesperado, pois João
Wesley tinha uma forte resistência a pregação leiga. Deus levantou homens como
Tomás Maxfield para revelar a João Wesley este poderoso ministério.
Então houve
abertura para todos pregarem impulsionados pelo Espírito missionário, porém
havia um critério. Wesley interrogava a o candidato a pregador sobre sua vida e
lhe perguntava: Tens graça? Tens dons? Tens frutos? Uma outra condição era a
preparação através de estudos. Foi através dos ministérios leigos de homens e
mulheres que o metodismo chegou aos lugares mais remotas da terra.
A Igreja precisa estar sempre se renovando,
e essa renovação nem sempre é uma idéia nova, mas um retorno às origens. A
reforma da Igreja demonstrou isso inspirando outras reformas como o movimento
metodista. Hoje a Igreja precisa estar atenta às suas necessidades de renovação
a cada dia à luz da Bíblia e situada em seu contexto histórico.
A redescoberta de uma Igreja ministerial
foi a maior contribuição da reforma. Cada pôde aprender que é um sacerdote e um
ministro do evangelho para abençoar o próximo sem burocracia ou hierarquia.
Todos estão de igual modo para com Deus, cada um exercendo seu ministério
através de dons diferenciados, mas todos unidos como um só corpo.
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