ECHEGARAY, Hugo. A prática
de Jesus, Petrópolis, 1982, Editora Vozes (p.7-48, 111-149).
Hugo Echegaray
foi um grande teólogo latino que fez teologia vivendo com o povo em prática
comunitária e ensinou muito sobre Jesus através de um estilo de vida bíblico,
chamando (EKKLESIA) para ser Igreja e conhecer o Reino de Deus e o Deus do
Reino.
Deus se encarnou
como homem na pessoa de Jesus Cristo para fazer parte da realidade humana e
viver com os mais necessitados sendo o Deus feito pobre. A real existência de
Deus foi demonstrada muito mais humana do que os deuses da mitologia grega.
Jesus viveu com os pobres e oprimidos como se fosse um deles e através de sua
vida e santidade foi libertando os homens da opressão.
Jesus não
somente fez parte da história, mas transformou a história de sua época de modo
que até hoje pode-se desfrutar de suas conquistas. Isto sugere para cada
cristão a responsabilidade de inserir-se na sociedade em que vive para fazer
história lutando contra as dominações do mau e influenciando com o bem as
estruturas sociais de que fazem parte. O Jesus histórico ressuscitou e hoje
continua fazendo história através daqueles que creem Nele.
Deus sempre
deixou marcas na história da humanidade, muitas vezes na história a ação de Deus
e a ação do homem se confundem ou se conflitam.
A prática de
Jesus trouxe liberdade para o mundo ensinando seus seguidores a prática da
vontade de Deus. A Igreja recebeu a missão de continuar a práxis de Jesus em
melhorar a cada dia a vida no mundo.
Os evangelhos
foram escritos contendo muitos valores históricos, sociais, políticos,
religiosos e culturais que Jesus vivenciou. Contudo, cada evangelho carrega em
sua linguagem um pouco sobre o contexto
que o evangelistas e sua comunidade viviam, destacando aspectos mais importantes para a experiência do grupo.
O evangelista Lucas, por exemplo, ao escrever o evangelho e o livro de atos dos
apóstolos, se preocupou mais com detalhes históricos através de “acurada investigação”
buscando argumento para convencer o mundo culto dos gregos.
Jesus viveu com
o povo e foi parte do povo, trabalhava com o pai como carpinteiro, não teve
muitos estudos e não possuía luxo algum. Era por isso um perfeito representante
do povo.
As classes
populares de artesãos, publicanos e outros que desempenhavam profissões
suspeitas de pecado, eram discriminados pela religião como um castigo e os
pobres reconhecidos como inferiores nos níveis social, moral e espiritual.
Foi entre estas pessoas que Jesus viveu
fazendo discípulos e as estes “pecadores” chamou pequeninos. Lutou contra o
preconceito e mostrou uma nova vida para todos. Jesus descobriu entre os mais
pobres pessoas sinceras de coração e que criam piamente no mistério messiânico
de Jesus. O mestre ensinou que “muitos primeiros serão últimos e muitos últimos
serão primeiros”.
Em suas
pregações, Jesus sempre falava da vinda do Reino e da exigência Divina em se
converter para fazer parte deste Reino, que deve começar já no presente até ser
consumado no final dos tempos. Então o ensino de Jesus sobre Deus mostrava Sua
glória e santidade para os pobres e desprezados da sociedade e assumindo
atitude profética contra as lideranças político-religiosas que reservavam para
si todos os direitos, até mesmo os espirituais.
O Reino de Deus era
ensinado naquela época como algo futuro e mais político que religioso e social.
Jesus trouxe o Reino para a realidade presente para aqueles que realmente
precisavam e queriam, ensinando que o Deus do Reino se aproxima do homem e traz
justiça ao mundo. Portanto na concepção de Cristo os privilegiados do Reino de
Deus são os preteridos do mundo. Esse discurso não agradava os dominadores da
época, que se viam em contradição com os justos valores desse Reino e o povo
enxergava isso.
O Messias
revelado por Jesus Cristo não era um guerreiro patriota se rebelando contra o
Império Romano e o vencendo através de prodígios, mas sim um libertador da alma
humana de sua maior prisão que é a ignorância. Os lideres do Reino de \Deus
segundo Jesus não seriam os dominadores políticos ou religiosos, mas sim de
pessoas simples, do povo, dos quais Jesus escolheu 12 homens. E o Deus do Reino
não é um déspota distante, mas o “papai” (Aba) amigo e próximo de todos sem
distinção racial ou social.
A pessoa do
salvador era entre os homens alguém único e jamais visto em semelhança. Seu
trato com as pessoas, o conhecimento sobre o coração humano e o interesse por
seus problemas, cativaram os carecidos de amor
e provocava os obreiros da injustiça.
Jesus viveu uma
vida de liberdade, mostrando através do seu próprio proceder a liberdade do
Reino, viajava falando, agindo e ensinando com muita franqueza. O povo o via
como alguém plenamente livre por sua sabedoria e criatividade em tudo o que
fazia, não tendo preconceitos sociais, políticos ou religiosos.
A sociedade
vivia sob o jugo cultural impôs to por
Roma e pelo judaísmo , então Jesus escolheu dentre o povo doze homens e lhes
ensinou a liberdade de pensamento e expressão dirigidas pelo amor de Deus. À
medida que caminhavam e de acordo com a situação Jesus ia ensinando e doando
liberdade aos oprimidos que encontrava.Jesus é a verdade que liberta (Romanos
8:32).
A lógica da
prática de Jesus é o chamado para uma nova vida através do evangelho. Em seu
contexto de vida e de acorda com as necessidades que encontrava Jesus ia
apontando o Reino de Deus e mostrando as injustiças do império.
No nível
econômico Jesus demonstrava o dom gratuito de Deus e a comunhão com os
necessitados enquanto o Império esbanjava tesouros e excluía os mais pobres. No
nível político Jesus ensinava a superabundância e igualdade do Reino,
praticando a Diakonia (serviço), acusando a escassez, dominação, divisão e
violência do império. E no nível ético-social o messias revelou o poder
verdadeiro com liberdade, trabalho e amor fraterno, sob o reinado de Deus
doando vida para o homem novo. Isso entra em contradição com o poder mentiroso
do império que gerava medo e inércia na população por causa de lideres egoístas
guiados pelo poder do homem velho, impondo jugo de morte.
O verdadeiro
Messias encontrou no mundo de sua época diversas concepções do messianismo, de
acordo com interesses pessoais de alguns grupos.Porem nenhuma destas
expectativas foi correspondida como esperavam, principalmente no âmbito
político, porque Jesus não era um anarquista ou revolucionário.
Entretanto Jesus
cumpriu todas as profecias messiânicas a viveu o Reino dos Céus na terra,
levando o homem para Deus. A riqueza do rei Jesus era celeste, o poder era
Divino, o conhecimento era espiritual e sua estratégia a conversão de almas.
Assim o Messias fez muito mais pela humanidade do que esta poderia esperar.
Da mesma forma,
nos dias atuais a sociedade tem criado muitos conceitos de Cristo que não são
coerentes com o amor Divino e os religiosos têm falado muito de Jesus
esquecendo-se de fazer o que Cristo fazia: a prática do amor.
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