CÉSAR, Ely E. Barreto. A ação humanizadora do Espírito Santo,
São Paulo, Editora Aste (p. 11-85).
No
contexto brasileiro a palavra espírito tem o sentido de algo não material e
abstrato. O termo neotestamentário para espírito é pneuma, que significa
sopro ou vento. Então o Espírito é primeiramente o sopro de vida.
O Espírito Santo marca o início do
ministério de Jesus na terra, o acompanha até a cruz e após a ressurreição é
doado aos que creem em Jesus. O Espírito é o “agente relacionador entre Deus e
os homens”, é a eterna presença de cristo e a “respiração da Igreja” pois sem o
Espírito não existe cristão e não existe Igreja.
A Igreja é renovada e motivada a
praticar o evangelho através do Espírito Santo que age no interior de cada pessoa,
redimindo-a com a graça e misericórdia de Deus.
Quem recebe o dom do Espírito,
primeiramente um(a) cristão(ã) e depois é cheio do Espírito sendo impulsionado
para um forte relacionamento com Deus (vertical) e com o próximo (horizontal)
continuando a obra consumada na cruz de Cristo. A presença do Espírito no meio
dos cristãos hoje é uma manifestação antecipada herança celestial que
receberemos na vinda de Cristo.
O Espírito de Deus guia a Igreja e
evangeliza através dela, então a Igreja é o instrumento do Espírito e este a
força da igreja, e quem dá vida ao corpo de Cristo.
O homem e a mulher carnal, ou seja,
natural, recebem a presença de Cristo através do Espírito Santo, sendo
vivificados por Deus. Este dom de Deus faz parte da obra de redenção em salvar
o mundo. O desejo de Deus é se comunicar com a humanidade e revelar seu plano de
salvação, como no pentecostes, quando o Espírito se manifestou através de
servos de Deus evangelizando pessoas de muitas nações e línguas diferentes.
Então através do dom do espírito a Igreja é dinamizada a evangelizar o mundo.
O ser humano vive a ambiguidade de
ser carnal e espiritual, mas quando é redimido por Deus e recebe o dom do
Espírito encontra forças para ser mais espiritual. Esta bênção é recebida pela
fé em Cristo, como um “sinal” ou “primícia” do que haverá no reino dos céus. A
função dos redimidos hoje é sinalizar a presença do Deus Justo, amoroso e
pacífico para outros também receberem a graça de Deus.
O Espírito de Deus é criador de tudo
e manifesta em todo tempo e lugar o seu amor. Tudo o que transmite vida, amor e
paz é fruto da atividade do Espírito no interior do homem. Na Igreja o Espírito
encontra plena liberdade para agir, sendo ela uma comunidade sem barreiras para
alcançar o próximo no amor do Senhor que se revela ao mundo através do seu
povo.
O Espírito conduz ao Cristo
ressuscitado eleva o crente a conduzir outros para Deus. Através do Espírito o
homem e a mulher são guiados à verdade de Deus, recebendo-a como revelação e
atualização da obra de Cristo no mundo de hoje.
A vida e a verdade recebidas de
Cristo pelo seu Espírito, tornam os homens mais plenos, completos e mais
humanos a exemplo de Jesus, solidarizando-se com o próximo no dia-a-dia.
A Igreja, como conhecedora e meio de
revelação da verdade ao mundo, não pode querer moralizar o homem, mas o
ensinar. Também não deve promover o humanismo social sem referência
evangelística a Cristo. É preciso muita vigilância quanto ao propagandismo de
querer que outros sigam nossos métodos e perfil eclesiástico. A verdadeira
missão de Deus conduz o homem e suas estruturas sociais ao Cristo-Espírito que
é a origem, o destino e o conteúdo da missão.
No pentecostes nasceu a igreja e
esta conheceu a Cristo de uma nova forma através do espírito, sendo impelida a
fazer missão. Mas a missão é de Deus e a Igreja participa dessa missão como
resultado da dinâmica do Pneuma. Para haver renovação as estruturas
eclesiásticas não podem ser estáticas e devem estar abertas a ação do Espírito,
como a igreja primitiva que tinha sua organização institucional sob a
orientação Divina.
Ao ser capacitado com crismas, o
cristão deve dizer sim ao chamado missionário que tornará útil o seu dom para o
Reino de Deus na sociedade. O Espírito concede o dom mas a resposta positiva à
missão deve partir do homem. A Igreja recebe do Espírito os dons necessários
para o cumprimento da missão no mundo. Estes carismas adequam a comunidade a
servir a Deus de acordo com as necessidades que a rodeiam, demonstrando as
“primícias” e o “penhor” de Deus àquele que crê até que venha a plenitude do
reino de Deus.
O Espírito cria, sustenta e renova a
igreja, mantendo a comunhão no povo de Deus num processo permanente de
revitalização “até que” todos cheguem à unidade da fé (Efésios 4: 7-13).
O novo testamento não descreve uma
igreja uniforme e demonstra a diversidade de ministérios, culturas e opiniões,
mais destacadamente entre cristãos-judeus e cristaos-helenistas. Essa
diversidade proporcionou a expansão missionária a diferentes lugares e
culturas, provando o amor de Deus pelas etnias e a dinâmica do Espírito em usar
o cristão dentro de sua cultura e realidade social, onde cada um de sua forma
coopera para a missão de Deus.
Havia na Igreja primitiva uma
intensa franqueza para com Deus e com o próximo e um culto que expressava um
sentimento real de cada um e da comunidade. Embora não houvesse uniformidade,
era um grupo bem unido, um grupo cooperava com o outro e cada um cumpria seu
ministério para o crescimento de todo o corpo edificado na verdade.
O fato de não haver uniformidade não
é motivo de ruptura, pois a verdadeira união acontece na diversidade que dá a
todos a oportunidade de se completarem com suas diferenças.
Diante de tanto sectarismo hoje é
importante concluir que o Espírito Santo guia a Igreja a somente uma verdade,
então o principal fruto de uma verdadeira renovação espiritual é a unidade consequente do trabalho de todo o corpo em uma mesma missão.
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