CRABB,
Lawrence J. Como Compreender As Pessoas, Editora Vida, São Paulo, 1998.
Mais
importante que a psicologia ou qualquer método de aconselhamento é saber o que
Jesus realizou na cruz para a felicidade de todos que creem. Por isso o
conselheiro cristão deve ter na Bíblia uma fonte de respostas a perguntas
interiores, porém isso só será possível se Cristo participar realmente do
aconselhamento através de oração, leitura Bíblica e diálogo sincero.
Parte 1 > A
SUFICIÊNCIA DA BÍBLIA
Capítulo
1. Como saber em que
crer?
É
difícil decidir entre a opinião de um conselheiro cristão e um profissional
especialmente quando surgem questões em que a Bíblia possa não ter a resposta
de forma tão clara quanto esperamos.
Para
entender qualquer questão é preciso saber as bases para a formação de uma
opinião:
-A intuição
é a base que dá uma certeza subjetiva interior sem um motivo externo ou
racional.
-A experiência
se baseia em fatos já ocorridos (empirismo) para defender uma idéia e a razão
precisa de respostas racionais lógicas que sirvam como base da verdade a ser
discutida.
Toda opinião se baseia em
uma destas correntes.
Capítulo 2. A Bíblia merece confiança.
A revelação é a principal
base ou fonte de respostas para o aconselhamento. Deus revela-se através da
Bíblia e através da natureza, tendo assim essas duas fontes a dispor do
conselheiro. Quando alguma resposta não se encontra na Bíblia (revelação
escrita), pode ser encontrada na natureza (revelação ilustrativa) que é estudada
através da ciência. Contudo não se pode perder de vista que a Bíblia é a maior
autoridade, pois trata claramente dos problemas morais humanos sob a ótica de
Deus enquanto a ciência interpreta a natureza sob o olhar do próprio homem.
Capítulo 3. A Bíblia trata significativamente de todo problema humano?
Se a Bíblia tem a maior
autoridade e suficiência, precisa também ser abrangente. Duas posições existem
quanto a isso: a que a Bíblia não tem todas as respostas por ser
especificamente espiritual e a que afirma ter na Bíblia todas as respostas
tendo o conselheiro que se basear nos temas bíblicos como suficientes para
entender as pessoas. Sendo assim, qualquer pergunta que for além do que está
claro na Bíblia ou é fruto de um problema citado por ela ou não tem importância
diante da mesma.
Capítulo 4. A Bíblia é um guia suficiente para os relacionamentos da
vida.
Na Bíblia existem
respostas a perguntas que Deus quis responder e as demais perguntas devem ser
analisadas de acordo com as respostas já encontradas no texto de forma
satisfatória.
Para isso é preciso
conhecimento do conteúdo Bíblico, entender as categorias dos assuntos
tratados na Bíblia e analisá-los segundo as implicações ou fatos que
precisam ser compreendidos à luz do que já foi entendido.
Para o aconselhamento ser
eficaz o conselheiro deve buscar ser uma imagem do que aprender
aplicando primeiramente em sua vida para estar livre de qualquer situação
constrangedora e dar esperança prática ao aconselhado.
Não
é preciso ser um profissional da psicologia para ajudar uma pessoa em crise
quando se tem como base o livro mestre do Criador do homem.
Parte 2 > COMPREENDENDO
AS PESSOAS
Capítulo
5. Como as pessoas
podem mudar de verdade?
É
preciso haver uma conscientização pessoal baseada em três perguntas: “Quem somos?”, “Porque temos tantos
problemas?” e “Quais as soluções?”
. Esse é o primeiro passo para uma mudança real.
Existem
três caminhos principais seguidos pelos conselheiros para levar uma pessoa
através dos modelos de aconselhamento dinâmico, moral e afetivo.
O modelo
dinâmico busca diagnosticar o problema como uma doença e solucionar com um
tratamento médico ou psicológico.
O modelo
moral procura levar o paciente a reconhecer sua irresponsabilidade e pecado
nos atos e decisões, exortando a uma mudança de comportamento.
O modelo
afetivo entende que a causa dos problemas são a solidão ou falta de
correspondência nos relacionamentos e para supri-los o conselheiro deve
demonstrar confiança, apoio e conduzir o aconselhado a se auto-expressar ou
auto-aceitar diante das pessoas.
Os três modelos podem
funcionar como também podem falhar, mas é preciso orientar-se pela Bíblia para
ter certeza de que algo está correto.
Capítulo
6. As pessoas são
portadoras da imagem de Deus.
A conclusão mais Bíblica
para a pergunta ‘quem somos’ é o
descrito em Gênesis: imagem e semelhança de Deus. Contudo, continuando tal
descrição, vemos que o ser humano decaiu dessa posição e teve limitadas suas
habilidades.
Para entender quais
atributos revelam a imagem de Deus, foi feito um estudo sobre características
que compõem uma pessoa e são:
Domínio
e representação; o
homem recebeu de Deus poder para dominar sobre a terra representando-o.
Virtude
moral; Deus criou o
homem e a mulher puros, mas com a queda foi perdida essa virtude, contudo
através do Espírito Santo é possível a regeneração.
Capacidade
amoral; Deus sente e
criou a humanidade com a capacidade de amar e sentir.
Semelhança; Deus possui personalidade e a deu à
humanidade de forma que as demais criaturas não receberam.
As
capacidades da personalidade são: anseios profundos, pensamentos avaliativos,
escolha ativa e experiência emocional. Tanto Deus como o homem anseiam
profundamente, pensam de forma avaliadora, podem escolher de forma ativa e têm
experiências emocionais.
Isso conclui a semelhança
do homem e da mulher com o seu Criador.
Capítulo
7. Criaturas
dependentes: Somos seres pessoais.
As pessoas tentam de todas
as formas mostrarem-se independentes, fortes e satisfeitas para não terem de
reconhecer o que se passa em seu interior e negar a si mesmo como Jesus
ordenou. Fruto disso é a sede da alma. No mais interior do “âmago oco” há a necessidade de saciar a falta de relacionamento e
impacto perdidos com a queda. Através de Jesus esse vazio pode ser preenchido e
a sede não só é saciada, pois ele diz: do seu interior fluirão rios de águas
vivas.
Capítulo
8. Pensadores
insensatos: as pessoas são racionais.
O principal fator que
diferencia o humano do divino é que este é independente e aquele dependente.
Uma semelhança que Deus deu ao homem foi a capacidade de raciocinar, contudo
desde sua queda a busca da humanidade por satisfação tem sido canalizada na
independência e para alcançar isso utiliza exatamente a sua racionalidade.
O pensamento permite a
formulação de imagens do mundo e de si próprio que definem como são as coisas
desenvolvendo crenças interiores que justifiquem a ausência da satisfação
ansiada ao invés de reconhecer as falhas. Isso conduz à ilusão da independência
de Deus podendo resolver tudo sozinho.
Reconhecer-se como vítima,
culpando pessoas e circunstâncias é fugir de encarar seu papel como agente ou
coagente do pecado. O confronto com tal realidade produz o impacto necessário
para um relacionamento real com Deus.
Essa falsa independência é
pecado porque rejeita a submissão a Deus. Somente quando a pessoa reconhece sua
dependência de Deus é que encontra completa satisfação e perdão.
É preciso se humilhar,
encarar e reconhecer o pecado como pecado e na dependência Divina receber graça
para vencer.
Deus quer um povo saudável
em seus relacionamentos, que tenham suas mentes renovadas por Deus para saber
ouvir, falar, chorar, perder e vencer contando com a ajuda de Deus.
Capítulo
9. Arrependimento: O
início da mudança.
O inconsciente é um tema
que tem causado muita divergência nas opiniões de cristãos e psicólogos. A
mente pode ser comparada com um iceberg onde a parte acima do nível da água é o
consciente (comportamento, crenças e emoções conscientes). É difícil encarar a
dor inconsciente e reconhecer crenças e imagens gravadas no mais íntimo do ser.
Três elementos ajudam a sondar o interior do humano: a palavra de Deus, o
Espírito de Deus e o povo de Deus.
No conteúdo do
inconsciente podem-se notar dois elementos escondidos: a dor afetiva e os
padrões auto protetores dos relacionamentos.
A dor afetiva é uma
insatisfação ou incorrespondência nos relacionamentos íntimos, quando acontece
uma decepção, por exemplo, sendo preciso levar adiante o relacionamento, porém
sem a mesmo emoção.
As estratégias afetivas
são mecanismos de defesa do inconsciente que levam a uma autoproteção nos
relacionamentos em fuga à dor, mantendo-se próximo das pessoas o suficiente
para se satisfazer e distante o bastante para não se aborrecer.
O
caminho correto para a cura do inconsciente é o arrependimento. Avaliar o que
se sente, assumir as causas e se arrepender pedindo perdão. Evitar as pessoas
que causam dor é prolongar o sofrimento. Se aproximar delas em busca de perdão e
reconciliação é a cura para o problema.
Capítulo
10. Livres para
escolher: As pessoas são volitivas.
A confusão muitas vezes
inibe a vontade pessoal e os chavões ou opiniões prontas tomam o lugar da
dúvida na hora de uma escolha. As pressões do dia-a-dia podem obscurecer a
capacidade de volição se o indivíduo não estiver atento à sua liberdade de
escolha. O domínio próprio é um fruto do Espírito. Reconhecer a livre opção
diante de qualquer situação é um privilégio e uma responsabilidade, contudo as
pessoas afirmam não ter muitas opções para a resolução de seus problemas e
perdem a capacidade de escolher optando para a primeira oportunidade de fuga.
Aprender a decidir é um
desafio para o cristão que se submete à vontade Divina e recebe o dom de poder
escolher tudo com a liberdade que Deus lhe deu. Muitas das atitudes honestas
são impostas aos cristãos, sendo que na verdade é preciso descobrir que o
cristão é livre para ser honesto ao invés de se impor a obrigações.
Capítulo
11. Sentindo o
impacto da vida: as pessoas são emocionais.
Muitas emoções são
reprimidas pelas pessoas pelo medo de assumir o que está sentindo
principalmente se não for algo agradável.
As emoções podem ser
agradáveis ou desagradáveis, de acordo com o que provoca esses sentimentos.
Também podem ser construtivos ou destrutivos.
O fato de uma emoção ser
agradável ou não depende do que aconteceu para gerar o sentimento. As emoções
não devem ser reprimidas. Nem mesmo as desagradáveis precisam ser consideradas
como erro.
Se a emoção vai ser
construtiva ou destrutiva, depende de como a pessoa reagirá ao que sentiu. Uma
emoção agradável nem sempre é construtiva e uma emoção desagradável pode ser
construtiva quando a pessoa se dispõe a vencer o problema positivamente.
As emoções ajudam a
entender o íntimo e refletir sobre a necessidade de mudança de vida. Somente
quando uma emoção vem à tona é possível saber a raiz de muitas reações
negativas.
Antes de agir ou reagir a
uma emoção é preciso:
Sentir a emoção e avalia-la se é positiva ou
negativa;
Arrepender-se caso seja negativa;
Obedecer à vontade de Deus por sua Palavra.
As emoções precisam ser
sentidas plenamente sem repressão. Depois de sentir é bom avaliar o que elas
revelam sobre as crenças e propósitos e depois ter a liberdade de expressar a
emoção com sabedoria para limitar essa expressão pelos propósitos do amor.
Parte 3 > O
PROCESSO DE AMADURECIMENTO
Capítulo
12. A evidência da maturidade: o amor.
Muitas
pessoas se apresentam boas e amáveis aparentemente, contudo esse comportamento
pode ser auto protetor. O medo de ser
rejeitado faz com que as pessoas tentem ser boas para serem queridas. Esse não
é um sinal de maturidade.
O
amor é a evidência da maturidade. Uma pessoa madura é capaz de expressar amor
primeiramente a Deus, depois ao próximo e a si mesmo sem precisar defender-se
dos temores e rejeição porque sabe estar fazendo a coisa certa.
A
maturidade pode ser definida como ter os quatro círculos cheios plenamente:
Plenitude
do círculo pessoal:
viver livre de medo crendo que Deus preencherá todos os anseios centrais do
coração.
Plenitude
do círculo racional: ter
consciência da incapacidade e indignidade humana, porém receber a bênção e
unção misericordiosa de Deus que faz tudo por amor.
Plenitude
do círculo volitivo:
ter o amor como alvo não desejando nada que vá além da bênção de realizar a
vida no amor.
Plenitude
do círculo emocional:
examinar cada emoção agradecendo pelas boas e aproveitando as ruins para
auto-exame e correção.
Deus
é amor e quem recebe esse Deus e esse amor aprende a amar sem a necessidade de
recompensa para se sentir amado.
Capítulo 13. A essência da maturidade: a
dependência consciente.
As
pessoas não podem ser treinadas para amar e receber estratégias de viver o amor
crendo que simplesmente assim tudo dará certo. O amor supera todas as coisas
mesmo quando está tudo errado.
Nem
sempre se sabe o que é o melhor a fazer baseado nas escrituras, mas é sempre
melhor ‘fazer o que é amoroso’. Para
descobrir esse sentimento é preciso fazer uma análise profunda do caráter.
O
caráter pode se desenvolver pelo Modelo de Aquisição/Desempenho que ensina
um comportamento adequado para ser bem sucedido de acordo até mesmo com os
padrões Bíblicos. Contudo esse modelo não trabalha as intenções que estão ‘abaixo do nível da água’, mas apenas as
reações exteriores.
Outro
modelo para o desenvolvimento do caráter é o de Caráter Mediante Comunidade
que ensina os conteúdos Bíblicos através da interação prática com as pessoas. É
isso que acontece na igreja, as pessoas se reúnem vivendo em comunidade e
aprendem juntas a moldar o caráter.
A
maturidade é alcançada quando se deixa a autoproteção e são expostos os anseios
íntimos do coração, consciente de que poderão não ser satisfeitos plenamente e
permanecer na dependência Divina sempre.
Compreender as pessoas é
um grande desafio para todo cristão que deseja viver como Jesus, o único que se
tornou humano para mais ainda compreender a sua criatura. Baseado nisso o autor
pauta princípios bíblicos para o aconselhamento cristão tendo Jesus como o
caminho sem ignorar os conhecimentos psicológicos que podem ajudar a
diagnosticar problemas emocionais, de relacionamentos e até mesmo espirituais.
Contudo fica claro que o
remédio para todos os problemas está em Cristo, tendo a Bíblia como fonte para
encontrar tanto a raiz como a solução do problema.
O maior objetivo é
alcançar a maturidade, viver em amor acima de tudo. Mesmo sentindo emoções
terríveis às vezes, mas sabendo canalizá-las em Cristo. Mesmo sendo
decepcionados e não correspondidos, mas esperançosos de se realizar em Cristo. Nunca
independentes, mas sempre limitados diante do poder infinito de Deus.
Por suas chagas fomos
sarados!
Olá, a paz. Estou passando para desejar um Feliz ano novo cheio da graça e da presença do Salvador para você e toda a sua família. Grande abraço e Feliz 2013.
ResponderExcluirDiacono Sergio Christino