Teologia de John Wesley

  A teologia de John Wesley é marcada pela praticidade e pela experiência religiosa, voltada para a espiritualidade e vida devocional com objetivo de evangelização. Escritor de dezenas de livros e centenas de sermões, seus textos inspiram milhares de livros, de autores de diversas correntes teológicas que se inpiram em sua mensagem. Um dos maiores pregadores avivalistas da história, John Wesley foi um dos homens mais ilustres reconhecidos no mundo. Sem dúvida alguma, todos os seus textos são recomendados.  Livros de John Wesley na Amazon

Como compreender as pessoas

livro como compreender as pessoas

CRABB, Lawrence J. Como Compreender As Pessoas, Editora Vida, São Paulo, 1998.

Mais importante que a psicologia ou qualquer método de aconselhamento é saber o que Jesus realizou na cruz para a felicidade de todos que creem. Por isso o conselheiro cristão deve ter na Bíblia uma fonte de respostas a perguntas interiores, porém isso só será possível se Cristo participar realmente do aconselhamento através de oração, leitura Bíblica e diálogo sincero.

Parte 1 > A SUFICIÊNCIA DA BÍBLIA

Capítulo 1. Como saber em que crer?
É difícil decidir entre a opinião de um conselheiro cristão e um profissional especialmente quando surgem questões em que a Bíblia possa não ter a resposta de forma tão clara quanto esperamos.
Para entender qualquer questão é preciso saber as bases para a formação de uma opinião:
-A intuição é a base que dá uma certeza subjetiva interior sem um motivo externo ou racional.
-A experiência se baseia em fatos já ocorridos (empirismo) para defender uma idéia e a razão precisa de respostas racionais lógicas que sirvam como base da verdade a ser discutida.
Toda opinião se baseia em uma destas correntes.


Capítulo 2. A Bíblia merece confiança.
A revelação é a principal base ou fonte de respostas para o aconselhamento. Deus revela-se através da Bíblia e através da natureza, tendo assim essas duas fontes a dispor do conselheiro. Quando alguma resposta não se encontra na Bíblia (revelação escrita), pode ser encontrada na natureza (revelação ilustrativa) que é estudada através da ciência. Contudo não se pode perder de vista que a Bíblia é a maior autoridade, pois trata claramente dos problemas morais humanos sob a ótica de Deus enquanto a ciência interpreta a natureza sob o olhar do próprio homem.

Capítulo 3. A Bíblia trata significativamente de todo problema humano?
Se a Bíblia tem a maior autoridade e suficiência, precisa também ser abrangente. Duas posições existem quanto a isso: a que a Bíblia não tem todas as respostas por ser especificamente espiritual e a que afirma ter na Bíblia todas as respostas tendo o conselheiro que se basear nos temas bíblicos como suficientes para entender as pessoas. Sendo assim, qualquer pergunta que for além do que está claro na Bíblia ou é fruto de um problema citado por ela ou não tem importância diante da mesma.

Capítulo 4. A Bíblia é um guia suficiente para os relacionamentos da vida.
Na Bíblia existem respostas a perguntas que Deus quis responder e as demais perguntas devem ser analisadas de acordo com as respostas já encontradas no texto de forma satisfatória.
Para isso é preciso conhecimento do conteúdo Bíblico, entender as categorias dos assuntos tratados na Bíblia e analisá-los segundo as implicações ou fatos que precisam ser compreendidos à luz do que já foi entendido.
Para o aconselhamento ser eficaz o conselheiro deve buscar ser uma imagem do que aprender aplicando primeiramente em sua vida para estar livre de qualquer situação constrangedora e dar esperança prática ao aconselhado.
            Não é preciso ser um profissional da psicologia para ajudar uma pessoa em crise quando se tem como base o livro mestre do Criador do homem.

Parte 2 > COMPREENDENDO AS PESSOAS

Capítulo 5. Como as pessoas podem mudar de verdade?
É preciso haver uma conscientização pessoal baseada em três perguntas: “Quem somos?”, “Porque temos tantos problemas?” e “Quais as soluções?” . Esse é o primeiro passo para uma mudança real.
Existem três caminhos principais seguidos pelos conselheiros para levar uma pessoa através dos modelos de aconselhamento dinâmico, moral e afetivo.
O modelo dinâmico busca diagnosticar o problema como uma doença e solucionar com um tratamento médico ou psicológico.
O modelo moral procura levar o paciente a reconhecer sua irresponsabilidade e pecado nos atos e decisões, exortando a uma mudança de comportamento.
O modelo afetivo entende que a causa dos problemas são a solidão ou falta de correspondência nos relacionamentos e para supri-los o conselheiro deve demonstrar confiança, apoio e conduzir o aconselhado a se auto-expressar ou auto-aceitar diante das pessoas.
Os três modelos podem funcionar como também podem falhar, mas é preciso orientar-se pela Bíblia para ter certeza de que algo está correto.

Capítulo 6. As pessoas são portadoras da imagem de Deus.
A conclusão mais Bíblica para a pergunta ‘quem somos’ é o descrito em Gênesis: imagem e semelhança de Deus. Contudo, continuando tal descrição, vemos que o ser humano decaiu dessa posição e teve limitadas suas habilidades.
Para entender quais atributos revelam a imagem de Deus, foi feito um estudo sobre características que compõem uma pessoa e são:
Domínio e representação; o homem recebeu de Deus poder para dominar sobre a terra representando-o.
Virtude moral; Deus criou o homem e a mulher puros, mas com a queda foi perdida essa virtude, contudo através do Espírito Santo é possível a regeneração.
Capacidade amoral; Deus sente e criou a humanidade com a capacidade de amar e sentir.
Semelhança; Deus possui personalidade e a deu à humanidade de forma que as demais criaturas não receberam.
            As capacidades da personalidade são: anseios profundos, pensamentos avaliativos, escolha ativa e experiência emocional. Tanto Deus como o homem anseiam profundamente, pensam de forma avaliadora, podem escolher de forma ativa e têm experiências emocionais.
Isso conclui a semelhança do homem e da mulher com o seu Criador.

Capítulo 7. Criaturas dependentes: Somos seres pessoais.
As pessoas tentam de todas as formas mostrarem-se independentes, fortes e satisfeitas para não terem de reconhecer o que se passa em seu interior e negar a si mesmo como Jesus ordenou. Fruto disso é a sede da alma. No mais interior do “âmago oco” há a necessidade de saciar a falta de relacionamento e impacto perdidos com a queda. Através de Jesus esse vazio pode ser preenchido e a sede não só é saciada, pois ele diz: do seu interior fluirão rios de águas vivas.

Capítulo 8. Pensadores insensatos: as pessoas são racionais.
O principal fator que diferencia o humano do divino é que este é independente e aquele dependente. Uma semelhança que Deus deu ao homem foi a capacidade de raciocinar, contudo desde sua queda a busca da humanidade por satisfação tem sido canalizada na independência e para alcançar isso utiliza exatamente a sua racionalidade.
O pensamento permite a formulação de imagens do mundo e de si próprio que definem como são as coisas desenvolvendo crenças interiores que justifiquem a ausência da satisfação ansiada ao invés de reconhecer as falhas. Isso conduz à ilusão da independência de Deus podendo resolver tudo sozinho.
Reconhecer-se como vítima, culpando pessoas e circunstâncias é fugir de encarar seu papel como agente ou coagente do pecado. O confronto com tal realidade produz o impacto necessário para um relacionamento real com Deus.
Essa falsa independência é pecado porque rejeita a submissão a Deus. Somente quando a pessoa reconhece sua dependência de Deus é que encontra completa satisfação e perdão.
É preciso se humilhar, encarar e reconhecer o pecado como pecado e na dependência Divina receber graça para vencer.
Deus quer um povo saudável em seus relacionamentos, que tenham suas mentes renovadas por Deus para saber ouvir, falar, chorar, perder e vencer contando com a ajuda de Deus.

Capítulo 9. Arrependimento: O início da mudança.
O inconsciente é um tema que tem causado muita divergência nas opiniões de cristãos e psicólogos. A mente pode ser comparada com um iceberg onde a parte acima do nível da água é o consciente (comportamento, crenças e emoções conscientes). É difícil encarar a dor inconsciente e reconhecer crenças e imagens gravadas no mais íntimo do ser. Três elementos ajudam a sondar o interior do humano: a palavra de Deus, o Espírito de Deus e o povo de Deus.
No conteúdo do inconsciente podem-se notar dois elementos escondidos: a dor afetiva e os padrões auto protetores dos relacionamentos.
A dor afetiva é uma insatisfação ou incorrespondência nos relacionamentos íntimos, quando acontece uma decepção, por exemplo, sendo preciso levar adiante o relacionamento, porém sem a mesmo emoção.
As estratégias afetivas são mecanismos de defesa do inconsciente que levam a uma autoproteção nos relacionamentos em fuga à dor, mantendo-se próximo das pessoas o suficiente para se satisfazer e distante o bastante para não se aborrecer.
            O caminho correto para a cura do inconsciente é o arrependimento. Avaliar o que se sente, assumir as causas e se arrepender pedindo perdão. Evitar as pessoas que causam dor é prolongar o sofrimento. Se aproximar delas em busca de perdão e reconciliação é a cura para o problema.

Capítulo 10. Livres para escolher: As pessoas são volitivas.
A confusão muitas vezes inibe a vontade pessoal e os chavões ou opiniões prontas tomam o lugar da dúvida na hora de uma escolha. As pressões do dia-a-dia podem obscurecer a capacidade de volição se o indivíduo não estiver atento à sua liberdade de escolha. O domínio próprio é um fruto do Espírito. Reconhecer a livre opção diante de qualquer situação é um privilégio e uma responsabilidade, contudo as pessoas afirmam não ter muitas opções para a resolução de seus problemas e perdem a capacidade de escolher optando para a primeira oportunidade de fuga.
Aprender a decidir é um desafio para o cristão que se submete à vontade Divina e recebe o dom de poder escolher tudo com a liberdade que Deus lhe deu. Muitas das atitudes honestas são impostas aos cristãos, sendo que na verdade é preciso descobrir que o cristão é livre para ser honesto ao invés de se impor a obrigações.

Capítulo 11. Sentindo o impacto da vida: as pessoas são emocionais.
Muitas emoções são reprimidas pelas pessoas pelo medo de assumir o que está sentindo principalmente se não for algo agradável.
As emoções podem ser agradáveis ou desagradáveis, de acordo com o que provoca esses sentimentos. Também podem ser construtivos ou destrutivos.
O fato de uma emoção ser agradável ou não depende do que aconteceu para gerar o sentimento. As emoções não devem ser reprimidas. Nem mesmo as desagradáveis precisam ser consideradas como erro.
Se a emoção vai ser construtiva ou destrutiva, depende de como a pessoa reagirá ao que sentiu. Uma emoção agradável nem sempre é construtiva e uma emoção desagradável pode ser construtiva quando a pessoa se dispõe a vencer o problema positivamente.
As emoções ajudam a entender o íntimo e refletir sobre a necessidade de mudança de vida. Somente quando uma emoção vem à tona é possível saber a raiz de muitas reações negativas.
Antes de agir ou reagir a uma emoção é preciso:
Sentir a emoção e avalia-la se é positiva ou negativa;
Arrepender-se caso seja negativa;
Obedecer à vontade de Deus por sua Palavra.
As emoções precisam ser sentidas plenamente sem repressão. Depois de sentir é bom avaliar o que elas revelam sobre as crenças e propósitos e depois ter a liberdade de expressar a emoção com sabedoria para limitar essa expressão pelos propósitos do amor.

Parte 3 > O PROCESSO DE AMADURECIMENTO

Capítulo 12.  A evidência da maturidade: o amor.
            Muitas pessoas se apresentam boas e amáveis aparentemente, contudo esse comportamento pode ser auto protetor.  O medo de ser rejeitado faz com que as pessoas tentem ser boas para serem queridas. Esse não é um sinal de maturidade.
            O amor é a evidência da maturidade. Uma pessoa madura é capaz de expressar amor primeiramente a Deus, depois ao próximo e a si mesmo sem precisar defender-se dos temores e rejeição porque sabe estar fazendo a coisa certa.
            A maturidade pode ser definida como ter os quatro círculos cheios plenamente:
Plenitude do círculo pessoal: viver livre de medo crendo que Deus preencherá todos os anseios centrais do coração.
Plenitude do círculo racional: ter consciência da incapacidade e indignidade humana, porém receber a bênção e unção misericordiosa de Deus que faz tudo por amor.
Plenitude do círculo volitivo: ter o amor como alvo não desejando nada que vá além da bênção de realizar a vida no amor.
Plenitude do círculo emocional: examinar cada emoção agradecendo pelas boas e aproveitando as ruins para auto-exame e correção.
            Deus é amor e quem recebe esse Deus e esse amor aprende a amar sem a necessidade de recompensa para se sentir amado.

            Capítulo 13.  A essência da maturidade: a dependência consciente.
            As pessoas não podem ser treinadas para amar e receber estratégias de viver o amor crendo que simplesmente assim tudo dará certo. O amor supera todas as coisas mesmo quando está tudo errado.
            Nem sempre se sabe o que é o melhor a fazer baseado nas escrituras, mas é sempre melhor ‘fazer o que é amoroso’. Para descobrir esse sentimento é preciso fazer uma análise profunda do caráter.
            O caráter pode se desenvolver pelo Modelo de Aquisição/Desempenho que ensina um comportamento adequado para ser bem sucedido de acordo até mesmo com os padrões Bíblicos. Contudo esse modelo não trabalha as intenções que estão ‘abaixo do nível da água’, mas apenas as reações exteriores.
            Outro modelo para o desenvolvimento do caráter é o de Caráter Mediante Comunidade que ensina os conteúdos Bíblicos através da interação prática com as pessoas. É isso que acontece na igreja, as pessoas se reúnem vivendo em comunidade e aprendem juntas a moldar o caráter.
            A maturidade é alcançada quando se deixa a autoproteção e são expostos os anseios íntimos do coração, consciente de que poderão não ser satisfeitos plenamente e permanecer na dependência Divina sempre.

Compreender as pessoas é um grande desafio para todo cristão que deseja viver como Jesus, o único que se tornou humano para mais ainda compreender a sua criatura. Baseado nisso o autor pauta princípios bíblicos para o aconselhamento cristão tendo Jesus como o caminho sem ignorar os conhecimentos psicológicos que podem ajudar a diagnosticar problemas emocionais, de relacionamentos e até mesmo espirituais.
Contudo fica claro que o remédio para todos os problemas está em Cristo, tendo a Bíblia como fonte para encontrar tanto a raiz como a solução do problema.
O maior objetivo é alcançar a maturidade, viver em amor acima de tudo. Mesmo sentindo emoções terríveis às vezes, mas sabendo canalizá-las em Cristo. Mesmo sendo decepcionados e não correspondidos, mas esperançosos de se realizar em Cristo. Nunca independentes, mas sempre limitados diante do poder infinito de Deus.
Por suas chagas fomos sarados!

Comentários

  1. Olá, a paz. Estou passando para desejar um Feliz ano novo cheio da graça e da presença do Salvador para você e toda a sua família. Grande abraço e Feliz 2013.
    Diacono Sergio Christino

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