STORNIOLO, Ivo; BALANCIN, Euclides Martins (Org).
Didaqué: o catecismo dos primeiros
cristãos para as comunidades de hoje. 16ª. ed. São Paulo: Paulus, 2009. 30 p.
Didaqué
significa “instrução” ou “doutrina”. Trata-se de um escrito do
final do primeiro século, sendo portanto contemporâneo com importantes escritos
do Novo Testamento. Traz de forma simples e objetiva instruções certamente
herdadas dos apóstolos, mas dificilmente escritas por eles. Não se pode
atribuir a autoria à apenas um autor e sim vários. Acredita-se que sua
composição se deu em etapas, indo do final do séc. I até aproximadamente o ano
150 e o lugar mais provável de sua origem é Antioquia (Síria).
Através da leitura dos
dezesseis capítulos que compõem a Didaqué
podemos conhecer um pouco mais das origens do cristianismo, acompanhado um
importante processo de estruturação das comunidades e nos deparar com uma
liturgia simples e orientações pragmáticas, tudo na tentativa de manter a
igreja firme no propósito da expansão do cristianismo.
A Didaqué possui um
conteúdo sumário interessante e aparece em forma de um manual catequético sobre
a disciplina eclesiástica e com instruções litúrgicas. Para uma melhor
compreensão podemos dividi-la em quatro partes:
1ª
parte (Cap. 1-6):
nesta parte encontramos instruções sobre os
dois caminhos, o caminho da vida e o da morte. Nos quatro primeiros
capítulos a Didaqué nos apresenta o caminho da vida discorrendo em temas como o
amor a Deus e ao próximo, a caridade e o bem aos “inimigos”, a dádiva do
compartilhar, visando um bem-estar dentro das comunidades e também nos orienta
quanto as raízes do mal e do bem na vida do cristão. No capítulo cinco encontramos
o caminho da morte, que é oposto ao da vida. Nesta direção, o autor encerra
esta primeira seção com uma exortação quanto a perseverar no caminho da vida.
2ª
parte (Cap. 7-10):
já neste bloco, encontramos um antigo ritual litúrgico, com instruções para
administração do batismo (cap. 7), sobre o jejum e oração (cap. 8) e sobre a
celebração eucarística (cap. 9). Depois de dedicar um capítulo para cada um dos
momentos acima, o autor encerra esta seção trazendo no capítulo 10 uma oração
modelo, orientando assim, como os cristãos deveriam agradecer a Deus pela
eucaristia.
3ª
parte (Cap. 11-15):
deparamos-nos aqui com importantes palavras para a igreja primitiva, instruções
que nos dão uma idéia da preocupação em evitar alguns possíveis problemas gerados
por falsos profetas que já começavam a aparecer no meio do povo. Em geral,
percebemos neste trecho disposições sobre a vida comunitária, com especial
atenção para com a hospitalidade e o discernimento dos verdadeiros pregadores,
o culto e a organização. Em três capítulos o autor se dedica em alertar o povo
em como proceder com os pregadores, trazendo instruções objetivas e claras, na
finalidade de não serem enganados pelos falsos profetas e nem abusados quanto à
hospitalidade. O culto é o tema do capítulo quatorze e o capítulo quinze encerra
a seção tratando de uma organização eclesiástica, que apesar de simples, já se
fazia necessária.
4ª
parte (Cap. 16):
neste capítulo encontramos uma exortação sobre a perseverança no caminho da
vida. Na perspectiva da parusia, o autor discorre neste último capítulo
apresentando uma dura realidade presente nos últimos dias, mas acima de tudo, os alertando sobre nunca perderem
a esperança no Senhor.
Sem dúvida é uma
leitura fascinante em que nos proporciona um passeio por nossas origens. É
imensamente compensador dedicar alguns minutos nestas poucas páginas que nos
trazem grandes contribuições no que diz respeito à nossa história, a história
da Igreja de Cristo.
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